quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Dezessete deputados estaduais são pré-candidatos a prefeito

A Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), já no segundo ano da sua 17ª legislatura, poderá ter uma alteração de até 26,5% na sua composição, caso os deputados que disputarão as eleições municipais deste ano abandonem o mandato nos próximos meses para se dedicar exclusivamente à campanha. Ao todo, 17 dos 63 parlamentares são pré-candidatos, embora, no caminho até o pleito, boa parte deva retirar o nome, por não conseguir viabilizar politicamente a empreitada. A ascensão de suplentes, se necessária, acontecerá conforme as coligações estabelecidas em 2010, independentemente das trocas partidárias ocorridas após a contagem dos votos. Como, pela legislação, eles não são obrigados a se desincompatibilizar do cargo antes de serem diplomados prefeitos, o presidente da Casa, Marcelo Nilo, declarou ao Bahia Notícias não acreditar que algum dos seus liderados opte em antecipar a saída. O problema é que, com os compromissos eleitorais, a maioria, sobretudo os que pretendem concorrer em cidades mais distantes do interior, deve se ausentar de boa parte das atividades legislativas. “Se faltarem, eu corto o ponto”, avisou Nilo.



De acordo com a regra, o bloco PRB/PP/PDT/PT é o que conta com o maior número de cotados a postulantes: seis. São eles Euclides Fernandes (PDT – tentará o comando de Jequié); João Bonfim (PDT – Brumado); Joseildo Ramos (PT – Alagoinhas); Mário Negromonte Jr. (PP – cotado em Paulo Afonso); Roberto Carlos (PDT – Juazeiro) e Zé Neto (PT – Feira de Santana). Caso eles abandonem a AL-BA, as vagas serão ocupadas – na ordem de votação – pelo Professor Valdeci (PT), Eliana Boaventura (PP), Salvador Brito (PT), Ângelo Almeida (PT), Ailton Florêncio (PT) e pelo vereador de Salvador, Gilmar Santiago (PT). A coligação PSB/PSL tem como prefeituráveis Capitão Tadeu (Salvador) e Sargento Isidório (Candeias), que seriam substituídos por Manassés e Emanoel – os quatro do PSB. A chapa proporcional PMDB/PR/PSC/PRTB tem como pré-candidatos Temóteo Brito (hoje no PSD – Teixeira de Freitas) e Elmar Nascimento (PR – Campo Formoso). Ambos cederiam espaço para ex-deputados do PR: Gilberto Brito e Pedro Alcântara. O mesmo cenário é observado no grupo PRP/PPS/PSDC/PMN/PRP/PTdoB, em que os novos integrantes do PSD, Cláudia Oliveira (Porto Seguro) e Adolfo Menezes (Campo Formoso), dariam a cadeira para quadros tradicionais do PRP: Jurandy Oliveira e Capitão Fábio. Nas demais situações, haveria troca simples. No DEM, a vaga de Rogério Andrade, que passou para o PSD (cotado em Santo Antônio de Jesus), permitiria o retorno à AL-BA de Carlos Gaban; no PTN, a vaga de Luizinho Sobral (tenta Irecê) seria preenchida pelo jornalista Uziel Bueno; no PCdoB, Fabrício Falcão (Vitória da Conquista) seria substituído por Wenceslau; e no PV, Eures Ribeiro (Bom Jesus da Lapa) abriria espaço para Marquinho. O número pode subir ainda para 18 deputados, se Carlos Brasileiro (PT), atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), decidir retornar temporariamente à Assembleia após deixar a pasta. O petista é cogitado como concorrente em Senhor do Bonfim e já é substituído pelo primeiro suplente da coligação PRB/PP/PDT/PT, e seu correligionário, Joacy Dourado. As mesmas alterações, em igual encadeamento de suplência, serão aplicáveis a partir de 2012, em caso de vitória dos parlamentares na complicada briga pelo comando de Executivos municipais.De acordo com a regra, o bloco PRB/PP/PDT/PT é o que conta com o maior número de cotados a postulantes: seis. São eles Euclides Fernandes (PDT – tentará o comando de Jequié); João Bonfim (PDT – Brumado); Joseildo Ramos (PT – Alagoinhas); Mário Negromonte Jr. (PP – cotado em Paulo Afonso); Roberto Carlos (PDT – Juazeiro) e Zé Neto (PT – Feira de Santana). Caso eles abandonem a AL-BA, as vagas serão ocupadas – na ordem de votação – pelo Professor Valdeci (PT), Eliana Boaventura (PP), Salvador Brito (PT), Ângelo Almeida (PT), Ailton Florêncio (PT) e pelo vereador de Salvador, Gilmar Santiago (PT). A coligação PSB/PSL tem como prefeituráveis Capitão Tadeu (Salvador) e Sargento Isidório (Candeias), que seriam substituídos por Manassés e Emanoel – os quatro do PSB. A chapa proporcional PMDB/PR/PSC/PRTB tem como pré-candidatos Temóteo Brito (hoje no PSD – Teixeira de Freitas) e Elmar Nascimento (PR – Campo Formoso). Ambos cederiam espaço para ex-deputados do PR: Gilberto Brito e Pedro Alcântara. O mesmo cenário é observado no grupo PRP/PPS/PSDC/PMN/PRP/PTdoB, em que os novos integrantes do PSD, Cláudia Oliveira (Porto Seguro) e Adolfo Menezes (Campo Formoso), dariam a cadeira para quadros tradicionais do PRP: Jurandy Oliveira e Capitão Fábio. Nas demais situações, haveria troca simples. No DEM, a vaga de Rogério Andrade, que passou para o PSD (cotado em Santo Antônio de Jesus), permitiria o retorno à AL-BA de Carlos Gaban; no PTN, a vaga de Luizinho Sobral (tenta Irecê) seria preenchida pelo jornalista Uziel Bueno; no PCdoB, Fabrício Falcão (Vitória da Conquista) seria substituído por Wenceslau; e no PV, Eures Ribeiro (Bom Jesus da Lapa) abriria espaço para Marquinho. O número pode subir ainda para 18 deputados, se Carlos Brasileiro (PT), atualmente titular da Secretaria de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), decidir retornar temporariamente à Assembleia após deixar a pasta. O petista é cogitado como concorrente em Senhor do Bonfim e já é substituído pelo primeiro suplente da coligação PRB/PP/PDT/PT, e seu correligionário, Joacy Dourado. As mesmas alterações, em igual encadeamento de suplência, serão aplicáveis a partir de 2012, em caso de vitória dos parlamentares na complicada briga pelo comando de Executivos municipais.


Fonte: http://www.bahianoticias.com.br/principal/noticia/109928-dezessete-deputados-estaduais-sao-pre-candidatos-a-prefeito.html

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Antes de qualquer "Ai se eu te pego"

Não sou neutro

Preciso da ajuda de vcs para divulgar esse PANACA

Galera, preciso da ajuda de vcs para divulgar esse PANACA que se acha o cara! por fazer atrocidades com os animais! Por favor posta essas fotos no FACE de vcs para que todos vejam a cara deste MONSTROOOOOO!!!!!!

O mundo não vai parar por causa de você

Você diz que sofre por que ama e não é correspondido. Você não come por medo de engordar. Você não gosta de repetir a roupa porque tal pessoa já viu você usando ela. Você pode ter mil motivos para chorar, mil motivos para se matar. Mas, lembre-se que existem pessoas numa situação bem pior e que mesmo assim elas continuam vivendo. O mundo não vai parar por causa de você, entende isso. COMPARTILHEM ;*

Trabalhadores do mundo, uni-vos!

Do ponto de vista proletário, só é moral a conduta dos homens baseada na grande luta pela libertação da humanidade de todos os jugos e de quaisquer formas de exploração.
Qualidades de caráter tais como a honestidade, a sinceridade, a dedicação, a coragem, a energia e a solidariedade entre camaradas, a dedicação à causa da libertação dos trabalhadores e muitas outras qualidades morais, desenvolveram-se e fortaleceram-se entre os massas trabalhadoras; embora a burguesia tenha brutalmente espezinhado esses princípios morais e empestado a atmosfera social com o egoismo, a extorsão, a hipocrisia e outros sentimentos amorais.
Ainda no início de sua atividade revolucionária, observando os operários que entravam no movimento socialista, afirmou Marx:
"A fraternidade humana em seus lábios não é apenas uma frase, mas uma verdade, e de seu rosto endurecido pelo sofrimento toda a beleza da humanidade nos contempla".

"A Moral Comunista"
(V. Kolbanoski)

sábado, 21 de janeiro de 2012

Show de reggae em Salvador

É IMPRESSIONANTE A PAZ QUE TRANSMITE ESSE EVENTO ,O REGGAE É PAZ É HUMANIDADE , É O HINO DOS OPRIMIDOS. VIVA MARLEY!!!

“Atiram em Cristina para acertar Dilma”

Em entrevista ao jornal Página/12, o jornalista Paulo Henrique Amorim fala sobre as críticas feitas pela imprensa brasileira contra as reformas na legislação da comunicação impulsionadas pelo governo argentino. “O PIG se horroriza com o que acontece na Argentina, diz que é o exemplo que não deve ser seguido; imagine se Dilma resolvesse fazer o que fez Cristina, a colocariam diante de um pelotão de fuzilamento...Por isso aparecem editoriais dizendo que há uma ‘democradura’ na Argentina. Em matéria de comunicações, o Brasil é uma ditadura perfeita”, diz Amorim.

“A imprensa brasileira, com a Globo na liderança, tem por hábito promover chanchadas para demonizar a presidenta Cristina, criticando as reformas na legislação dos meios de comunicação”. Dizem que Paulo Henrique Amorim, um dos jornalistas mais influentes do Brasil, está entre as pessoas mais detestadas pelos executivos da rede Globo, onde trabalhou por mais de uma década.

“Conheço a maquinaria da Globo por dentro, vi ela funcionar quando fui editor e depois correspondente em Nova York, entre 1985 e 1996, sei como orquestraram uma campanha para destruir a reputação de Lula nas eleições de 1989. As campanhas sujas contra governantes que provocam algum incômodo são habituais aqui e, ressalvadas as distâncias, se repetem agora contra Cristina. Isso que digo sobre a Globo alcança também outros meios de comunicação aos quais passei a chamar Partido da Imprensa Golpista (PIG)”, assinala o jornalista. “O PIG se horroriza com o que acontece na Argentina, diz que é o exemplo que não deve ser seguido; imagine se Dilma resolvesse fazer o que fez Cristina, a colocariam diante de um pelotão de fuzilamento...Por isso aparecem editoriais dizendo que há uma ‘democradura’ na Argentina. Um absurdo...em matéria de comunicações, o Brasil é uma ditadura perfeita”.

A entrevista de Amorim ao Página/12 iniciou há dois meses no aeroporto de Porto Alegre, onde um grupo de senhoras o observava insistentemente, até que uma delas se aproximou de mim para perguntar: “É o Amorim, da televisão?” O diálogo foi retomado na semana passada por telefone, desde São Paulo, onde ele trabalha como um dos âncoras da Rede Record, a única que disputa em alguns horários a liderança ainda incontestável da Globo.

Uma espécie de movimento de “indignados” contra o bloco midiático dominante começa a se observar no Brasil, processo vigoroso, mas que ainda permanece nas bordas do sistema, dado que ainda não conseguiu colocar o pé na televisão nem conta com o apoio de um jornal de alcance nacional. Encabeçando essa guerrilha informativa, há centenas de blogueiros e sites independentes como Carta Maior, Vermelho, Opera Mundi, Brasil Atual, identificados com uma bandeira comum: a aprovação de uma nova legislação para a regulação dos meios de comunicação.

Nas últimas semanas de seu governo, Lula deu a benção ao movimento insurrecional concedendo-lhe uma entrevista no Palácio do Planalto e elaborando um esboço para esse projeto de legislação, herdado por Dilma Rousseff.

Paulo Henrique Amorim está entre os poucos, ou pouquíssimos, âncoras televisivos de grande audiência alinhado com as reivindicações da imprensa genericamente chamada de “alternativa”. Por isso, suas intervenções sarcásticas acabam sendo particularmente incômodas para os herdeiros de Roberto Marinho, patriarca do grupo Globo, falecido em 2003.

“O Brasil precisa despertar, e creio que está despertando. A Globo é poderosa, mas já não é mais tanto quanto foi. A Globo quis, mas não conseguiu impedir que Lula fosse eleito e reeleito, quis e não pode impedir que Dilma fosse eleita. A família Marinho é uma ameaça à democracia”.

Uma hipotética lei de comunicação deveria acabar com o modelo “monopolista onde a família Marinho abusa da propriedade cruzada de meios de comunicação para asfixiar a competição; no Rio de Janeiro, são donos de tudo, até do Cristo Redentor, a fundação Marinho limpou a estátua do Cristo Redentor, e o próximo passo é se adonarem da Copa do Mundo de 2014”. O método do maior grupo midiático da América Latina, sustenta Amorim, pode ser sintetizada em uma linha: “Proscrever todo debate com um mínimo interesse na mudança”.

“Se dependesse da família marinho, se interromperiam os movimentos de rotação e translação da Terra, eles não querem mudar nada”, reforça. Seguindo a lógica de um partido político, a “Globo atuou como oposição golpista contra Lula e atrasa mesmo as transições mais modestas em um país como o nosso, onde nunca caminhamos na direção de mudanças com grande velocidade”.

“O Brasil foi o último país a liberar os escravos (no final do século XIX) e para que ninguém se sentisse ameaçado queimaram os arquivos; um século depois veio a transição para a democracia, uma transição porca, porque em 1985 assumiu a presidência um colaborador dos militares, José Sarney. E seguimos esperando a transição completa porque até hoje se obstrui toda investigação sobre a ditadura”.

No dia 18 de novembro, Dilma Rousseff promulgou a Comissão da Verdade, atribuindo a ela poderes para averiguar e examinar os delitos perpetrados durante a ditadura. O lobby militar e o “boicote” do grupo Globo serão, aponta Amorim, dois fatores de poder que oporão “total resistência” a uma comissão que, segundo a lei, só procurará levantar os responsáveis por assassinatos, desaparecimentos e torturas, mas não encaminhará o julgamento de ninguém. “Se a Comissão avançar, inevitavelmente virá a público a cumplicidade da Globo com a ditadura, por isso eles vão combatê-la ou ocultá-la. A Globo foi muito mais porta-voz, foi um dos grupos mais beneficiados pelos militares, que deram a ela uma rede nacional de micro-ondas, tornando possível que se tornasse o gigante que é hoje”.

Tradução: Katarina Peixoto

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Desenbahia lança sistema on-line de concessão de crédito para municípios

A Agência de Fomento do Estado da Bahia (Desenbahia) já disponibilizou on-line o inovador Sistema de Concessão de Financiamento (SCF) para os municípios. Com o módulo de pré-atendimento virtual, os gestores das prefeituras poderão agilizar pedidos de financiamento para obras de infraestrutura, compra de máquinas, equipamentos ou ambulâncias. Para acessar, é necessário um cadastro no sistema que está disponível na internet. O sistema oferece apoio à instrução documental dos pedidos de verificação à Secretaria do Tesouro Nacional, que é uma etapa preliminar à formalização do processo na Desenbahia. Leia mais

Joseildo tem atuação expressiva na Comissão de Constituição e Justiça

Um balanço realizado na Assembleia Legislativa avaliou como positivo os trabalhos executados pela Comissão de Constituição e Justiça CCJ, a mais importante da Casa. Membro titular da Comissão, o deputado Joseildo Ramos teve uma atuação expressiva. O parlamentar foi relator de dois importantes projetos do executivo, o PPA-P (Plano Plurianual Participativo 2012 – 2015) e a Lei de Diretrizes Orçamentária Anual – LOA, além de compor a comissão especial montada para avaliação do projeto de privatização dos cartórios. Joseildo foi responsável ainda pela apresentação de oito requerimentos, duas moções de congratulações, nove indicações, duas emendas e sete projetos de lei, dentre os quais o que estabelece reserva de vagas para negros e índios em concursos ou seleções públicas do estado. Transformado em indicação, o Projeto foi acatado pelo Governador e será encaminho à Casa pelo executivo. Leia mais  
A presidenta da República, Dilma Rousseff, sancionou, na segunda-feira (16), a Lei Complementar nº 141, que regulamenta a Emenda Constitucional 29, aprovada pelo Congresso em dezembro. O texto define claramente o que deve ser considerado gasto em saúde e fixa os percentuais mínimos de investimento na área pela União, Estados e Municípios.No texto, ficou mantida a regra aprovada pelo Congresso que obriga a União a aplicar na saúde o valor empenhado no ano anterior, mais a variação nominal do Produto Interno Bruto (PIB). Já os estados e o Distrito Federal deverão investir 12% de sua receita, enquanto os municípios devem investir 15%. Leia mais

Sustentabilidade: uma agenda urgente para o Fórum Social Mundial

Depois dos denunciados e confirmados desastres ambientais, a pauta da sustentabilidade e da relação do homem com todo o planeta aparece como central para a construção de um outro mundo possível. A defesa de um novo modelo global de desenvolvimento, no entanto, ainda não foi incorporada pelo conjunto dos movimentos, criando mais um obstáculo para a ruptura com o capitalismo, que parece ainda mais urgente de ser feita.

Num cenário internacional em transformação, com perspectivas para a construção de uma nova correlação de forças em âmbito global, uma nova questão passa a ser central na disputa por poder e hegemonia: o debate ambiental e da sustentabilidade do planeta. Em disputa também está o próprio conceito de sustentabilidade, um dos temas em discussão no seminário internacional “Dez anos depois: desafios e propostas para um outro mundo possível”, atividade da décima edição do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre.

Trata-se de um conceito amplo, que vai desde a luta contra a privatização e mercantilização da natureza, da terra, da água, das sementes, da cultura e do conhecimento – os chamados “bens comuns” –, até a garantia da soberania alimentar e a idéia do equilíbrio e inter-relação entre todos os seres vivos que habitam o planeta.

“Falar em sustentabilidade significa buscar respostas a um modelo de desenvolvimento que, há mais de 200 anos, vem promovendo a destruição do meio-ambiente e o desgaste social universal em níveis insustentáveis”, explica Iara Pietricovsky, do INESC (Instituto de Estudos Socioeconômicos). “Vivemos com muita frustração e ressentimento a dificuldade dos líderes mundiais, reunidos em Copenhague, entenderem a emergência de transformar o processo de relação do ser humano com a natureza. Esses processos são fundamentais de serem reorientados e alguns até rompidos. Há que se fazer um processo de rupturas radicais para que possamos encontrar novas formas de desenvolvimento e novos processos históricos que, de fato, impliquem em justiça social e em desenvolvimento sustentável”, acredita.

Parece, no entanto, haver um desafio anterior ao convencimento das lideranças mundiais: colocar esta luta no centro do programa do movimento altermundista. Para Fátima Melo, da FASE e da Rede Brasileira de Integração dos Povos (Rebrip), o próprio campo dos movimentos que se organizam em torno do Fórum Social Mundial vive uma redefinição de paradigmas, onde ser anti-neoliberal e anti-imperialista não é mais suficiente.

“Os primeiros anos do Fórum se organizaram em torno do “anti-Davos”. Agora temos que somar a isso a luta pelos bens comuns e pela desprivatização da natureza. No ano passado, o Fórum aconteceu em Belém e se inaugurou um novo ciclo para o movimento global, que se desdobrou nas ruas de Copenhague. Agora, temos o desafio de explorar a diversidade e pluralidade do nosso campo, com capacidade de incidir sobre a política, e abrir este debate num patamar mais elevado e de forma consistente com os partidos políticos”, avalia Fátima.

Do outro lado deste diálogo, um caminho que não será tão simples. Mesmo em países governados por lideranças apoiadas pelos movimentos sociais, falta a consistência necessária para a transição para um novo modelo. Qual a matriz energética a ser promovida? Qual o papel das empresas públicas? Não são poucos os países que mantêm projetos insustentáveis do ponto de vista ambiental.

“Desde a ditadura militar no Brasil, tivemos uma política de ocupação do território amazônico via uma ofensiva de derrubada da floresta para o comércio madeireiro e implantação das fazendas de gado. Esse processo hoje não só não está sendo combatido como segue sendo incentivado. Assistimos a uma política que não realiza a reforma agrária e regulariza terras griladas, roubadas das comunidades tradicionais. E vivemos também um ataque aos nossos rios, através do plano energético, que prevê a construção de mais 200 barragens nos rios da Amazônia”, critica Luis Arnaldo Campos, do Fórum Pan Amazônico. “Até hoje a Amazônia é exportadora de produtos, numa política que causa enormes danos ambientais e não deixa nada para os povos”, completa.

A mesma crítica vem de uma liderança indígena peruana, onde os governos liberam a exploração de recursos naturais, via concessões a empresas multinacionais, em terras consideradas sagradas.

“E tudo isso acontece sem consulta aos povos indígenas. Por isso nos mobilizamos, para mostrar ao mundo que não estamos de acordo com essas práticas, que nos impõem um desenvolvimento que não é o que queremos. Não podemos permitir que continuem nos atropelando, enquanto nossas gerações perderão todos os recursos”, afirma Henderson Rengifo, da Associação Inter-étnica pelo Desenvolvimento da Selva Peruana. “A globalização custou muitas vidas aos povos indígenas. Defenderemos o que temos porque, enquanto isso existir, seremos o povo mais castigado. Estamos lutando por nossa sobrevivência”, diz.

Como lembrou a também indígena Rosa Chavez, da Convergência Waqib’Kej, da Guatemala, que reúne 30 organizações do povo maia, não se trata de construir novas vias e alternativas, mas de recuperar as práticas de convivência com a natureza que existem há milhares de anos, preservadas pelos povos tradicionais. Talvez estejam aí as respostas que o movimento altermundista busca, como um presente deixado pelos ancestrais.




Fotos: Eduardo Seidl


Fonte:http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16365

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Desenvolvimento rural sustentável em debate

O cenário externo explicita cada vez mais as contradições do modelo de desenvolvimento mundial, em que crises recorrentes ganham relevância na agenda política, como é o caso recente do problema alimentar.

Há mais de uma década, os movimentos sociais atuantes no meio rural brasileiro, os órgãos governamentais, os agentes de desenvolvimento rural, as ONGs e outros atores vêm promovendo discussões e debates visando a construir um Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, com a finalidade de orientar a implementação de políticas públicas, além de construir espaços de concertação social capazes de promover a sustentabilidade das atividades econômicas e a preservação ambiental.

Ao longo dos anos de 2001 e 2002, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (CNDRS) organizou diversos debates em várias regiões do país com o objetivo de construir o referido Plano. Este processo acabou culminando na elaboração de um documento-síntese; porém, sem a realização da Conferência Nacional que transformaria o mesmo em um documento oficial a ser seguido pelos distintos governos.
No entanto, a partir de 2004, os debates visando à construção do Plano Nacional foram retomados pelo CONDRAF – nova sigla do mesmo conselho –, com a realização de diversos fóruns de discussões. Nesse momento, destacaram-se o Seminário Internacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (2005); a Conferência Internacional de Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural da FAO/ONU (2006); a Plenária Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável (2006); as Conferências Municipais, Intermunicipais e Territoriais (2007); os Eventos Temáticos Setoriais Nacionais (2007); e as Conferências Estaduais (2008).

Todo esse processo culmina na realização da 1ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (1ª CNDRSS) no final de junho de 2008 na cidade de Olinda (PE). O objetivo da conferência é a formulação de uma política nacional de desenvolvimento rural que contemple tanto as diversidades sociais como as diferenças regionais, além de valorizar o protagonismo dos atores sociais.

Para tanto, a 1ª CNDRSS tem como tema geral “Por um Brasil Rural com gente: sustentabilidade, inclusão, diversidade, igualdade e solidariedade”. Esta temática procura mostrar ao conjunto da sociedade o papel ainda relevante do “Brasil Rural” no âmbito do desenvolvimento nacional.
A 1ª CNDRSS foi realizada num momento importante da agenda política nacional e internacional. Pelo lado nacional, está em curso uma ampliação do debate sobre desenvolvimento, merecendo destaque os temas da participação social, da universalização dos direitos sociais, da segurança alimentar e nutricional; da preservação dos recursos naturais, da promoção da igualdade de gênero, raça e etnia, e da incorporação da abordagem territorial do desenvolvimento. Já pela ótica internacional, o cenário externo explicita cada vez mais as contradições do modelo de desenvolvimento mundial, em que crises recorrentes ganham relevância na agenda política, como é o caso recente do problema alimentar.

Esta percepção culminou na formulação de um documento-base para a 1ª Conferência Nacional, o que foi organizado a partir de um ponto de partida (“O Brasil Rural que se tem hoje”) e de um ponto de chegada (“O Brasil rural que se quer”). Ou seja, parte-se de uma análise sobre a realidade atual do “rural” visando transformá-la no futuro.

Neste sentido, o diagnóstico mostra que o “Brasil Rural” comporta uma diversidade de ambientes físicos, recursos naturais, ecossistemas, sistemas agrários, etnias, culturas, relações sociais, padrões tecnológicos, formas de organização social e política, linguagens, simbologias, etc. Tais elementos evidenciam a não uniformidade do espaço rural brasileiro, e, ainda que determinados segmentos econômicos queiram transformá-lo num espaço particular de acumulação de capital, o “Brasil Rural” se mantém diverso, plural e heterogêneo.

Esta heterogeneidade se revela pela convivência, lado a lado, de projetos contraditórios que concorrem desigualmente num mesmo espaço social. Esta “convivência conflitiva” remonta às origens históricas e institucionais do Brasil e representa as diferentes formas de desigualdade que marcam a estrutura social brasileira, particularmente no meio rural.

Por isso, a 1ª CNDRSS busca superar a visão tradicional de que o “Brasil Rural” seja marcado apenas pela dicotomia entre o ‘atraso’ e o ‘moderno’, e tenta afirmar o papel relevante de todos os setores econômicos e sociais na construção do Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário. Para alcançar esses objetivos, tal proposição está embasada na abordagem territorial, tendo as dimensões da sustentabilidade econômica, social, política, cultural e ambiental como referências básicas.

Além dessas dimensões da sustentabilidade, a 1ª CNDRSS assume como estratégico cinco temas: 1) o da “inclusão social”, como instrumento essencial no processo de democratização da sociedade brasileira; 2) o da “igualdade”, como resultado das transformações nas relações entre homens e mulheres; 3) o da “solidariedade”, como responsabilidade coletiva na luta para superar o individualismo; 4) o da “diversidade”, como reconhecimento da existência de diferentes segmentos sociais e da pluralidade de uso dos recursos naturais; e 5) o do “combate às desigualdades sociais e regionais”, destacando-se como ponto central o compromisso ético e político de combater a fome e a pobreza.

O conjunto desses temas deverá compor o arcabouço básico do Plano Nacional, cuja construção está assentada em quatro eixos estratégicos que comentaremos a seguir.

1º Eixo: Desenvolvimento socioeconômico e ambiental: que procura discutir, de forma combinada, a exploração econômica com a preservação ambiental, partindo da premissa de que é possível construir um projeto nacional sem destruir o meio ambiente e a biodiversidade, ao mesmo tempo em que se valorize a apropriação dos frutos do trabalho humano a partir da cooperação e da solidariedade.

2º Eixo: Reforma agrária e acesso aos recursos naturais: que mostra a importância da construção de um Plano Nacional assentado na democratização da propriedade da terra e no livre acesso aos recursos naturais existentes no espaço rural. O acesso geral e irrestrito a estes bens simboliza a possibilidade concreta de mudanças no quadro histórico de exclusão existente no país e, particularmente, no meio rural.

3º Eixo: Qualidade de vida no Brasil Rural: que mostra claramente a necessidade de ampliação dos investimentos públicos nas áreas rurais, como premissa para o sucesso de um plano nacional sustentável e solidário, por se entender que garantir a qualidade de vida digna às famílias é fundamental para a construção de um novo projeto de desenvolvimento para o país.

4º Eixo: Participação política e organização social: que procura destacar a importância da articulação político-institucional, das novas institucionalidades, da participação da sociedade como protagonista central e das relações entre União, estados e municípios, no processo de construção do “Brasil Rural que se quer”.

Com isso, entende-se que é possível construir um Plano Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (PNDRSS) assentado num processo que articule distintos interesses dos grupos sociais e de setores econômicos presentes no meio rural, suas práticas culturais, atividades produtivas e ações voltadas à preservação dos recursos naturais. São os resultados da Conferência Nacional que demonstrarão se este caminho é possível de ser construído a partir da realidade brasileira atual.

Sabe-se, a priori, que a construção de uma Política Nacional desta envergadura necessariamente irá enfrentar conflitos econômicos e políticos que fazem parte do processo histórico de ocupação do território rural; até mesmo porque esses conflitos têm origem na concentração da propriedade da terra e na exclusão social de segmentos de trabalhadores rurais, particularmente dos agricultores familiares, pescadores e dos povos e comunidades tradicionais.

Neste sentido, resta saber se esta Política Nacional que resultará da 1ª Conferência Nacional terá capilaridade para enfrentar as contradições históricas acima mencionadas ou se manterá um caráter residual e subordinado aos interesses hoje prevalecentes no meio rural brasileiro.


Lauro Mattei é Professor do curso de Graduação em Economia e do Programa de Pós-Graduação em Economia da UFSC e pesquisador do Observatório de Políticas Públicas para a Agricultura/OPPA/CPDA/UFRRJ. E-mail: mattei@cse.ufsc.br

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

A visibilidade dos movimentos negros no Fórum Social Mundial


Com base em entrevistas com integrantes dos movimentos negros no Fórum Social Mundial de Belém (2009) e no Fórum Social Mundial Temático da Bahia (2010) e na análise de documentos, a percepção dos movimentos negros brasileiros é que eles teriam pouca visibilidade neste espaço. Isso significa que eles ocupariam espaços pouco privilegiados se comparados a outros movimentos, tanto em termos quantitativos como qualitativos.

A proposta do Fórum Social Mundial desde sua primeira edição, há 10 anos, é oferecer um espaço em que convergências e alianças possam ser travadas de modo aberto e diversificado por várias organizações e movimentos sociais. Mas mesmo que diversos grupos sejam admitidos formalmente, já que o Fórum conta com um documento básico, a sua Carta de Princípios, há interações sociais que privam os diferentes atores de se inserirem nas discussões e nas várias atividades do Fórum, como é o caso dos movimentos negros.

Com base em entrevistas com integrantes dos movimentos negros no Fórum Social Mundial de Belém (2009) e no Fórum Social Mundial Temático da Bahia (2010) e na análise de documentos, a percepção dos movimentos negros brasileiros é que eles teriam pouca visibilidade neste espaço. Isso significa que eles ocupariam espaços pouco privilegiados se comparados a outros movimentos, tanto em termos quantitativos como qualitativos. Essa visibilidade estaria relacionada à busca por reconhecimento social, à inserção desses movimentos nas atividades, à existência de atividades que
tratassem da temática do anti-racismo, à entrada em discussões principais, à interação e articulação com outros movimentos dentro do Fórum.

Para se ter uma ideia, das mais de 1300 atividades realizadas por organizações brasileiras, previstas na programação do FSM Belém 2009, apenas 4,2% tratou da temática do anti-racismo. Já quando as atividades eram propostas conjuntamente por movimentos negros com outras
organizações, apenas 31% dessas atividades incorporaram a temática do anti-racismo, sabendo que em atividades desta natureza haveria uma maior possibilidade da temática ser inserida, numa perspectiva racial que dialogasse com temas gerais e estivesse visível a outras organizações.

Partindo desses dados podemos levantar algumas explicações para essa pouca visibilidade.

Em primeiro lugar, é possível questionar em que medida os movimentos negros tiveram dificuldade de inserir as suas questões nos diferentes espaços e discussões do Fórum e assim buscarem uma maior visibilidade. Na tentativa de trazer a temática do anti-racismo, eles acabaram esbarrando na afirmação de suas diferenças. Mesmo entre as atividades propostas diretamente por movimentos negros, em que 97% delas foi sobre a temática anti-racista, os temas foram tratados de modo isolado, em espaços específicos por quilombolas, negros urbanos, afro-religiosos, juventude negra, entre outros. Essas “divisões” dos movimentos negros naquele espaço foi uma opção estratégica que também comprometeu a sua visibilidade.

Uma segunda reflexão que pode ser levantada a partir da dificuldade de inserção desses movimentos e que muitos entrevistados apontaram foi que os movimentos negros falaram para si mesmos. No caso do FSMT-BA 2010, apesar da temática do anti-racismo estar mais visível nas atividades principais, podíamos ver negros falando para um público negro. Isso foi algo que muitos integrantes dos movimentos reconheceram como um problema, visto que a questão racial não se restringe a um grupo específico, mas deveria ser algo pensando e debatido por todos, sejam negros ou não-negros.

Nessas duas edições do Fórum também foi perceptível que muitas restrições se impuseram ao acesso do público aos espaços das atividades do Fórum. Como o público que se interessava pelas discussões feitas pelos movimentos negros brasileiros era majoritariamente negro, é possível que
quanto mais se tivesse a oportunidade de negros estarem presentes, mais esses contribuiriam para maior notoriedade e pressão por mudanças referentes às demandas desses movimentos. Por questões de logística, o acesso ao Fórum foi controlado pela organização, fato este que impediu a
entrada da população residente próxima ao local do Fórum, ajoritariamente negra.

Por fim, uma última reflexão que podemos fazer, dentre outras, é se o Fórum continua sendo um espaço legítimo e reconhecido pelos movimentos negros. Se acompanharmos a história da inserção da temática do anti- racismo nesses dez anos de FSM, apontada por alguns entrevistados e organizadores do Fórum, veremos que ela foi pautada como objetivo do encontro somente no ano de 2009. Além disso, muitos encontros importantes para os movimentos negros têm sido realizados concomitantemente com o Fórum, o que desloca as discussões para outras esferas, retirando o foco daquele espaço. Isso reforça o isolamento desses movimentos – visto que o Fórum deveria ser um espaço de troca e convergências – e contribui juntamente com outros fatores para a sua pouca visibilidade.

Diante desses elementos escolhidos para a reflexão sobre a questão da visibilidade dos movimentos negros, com base na pesquisa feita, podemos ver que esses movimentos ainda não conseguiram superar a dificuldade do enfrentamento de suas próprias diferenças, nem tampouco de conquistar mais trocas e fazer alianças com outros tipos de movimentos no FSM. Pela
complexidade da questão e longe de se restringir ao Fórum, a luta dos movimentos negros passa pela resistência da sociedade brasileira, de um modo geral, em assumir-se como um país de desigualdade racial, o que afeta as opções políticas tomadas nos diferentes espaços, sejam nas
instituições ou em espaços que se propõem ao debate diversificado como o Fórum. Além disso, podemos problematizar em que medida as mudanças por maior abertura e acesso aos recursos que os movimentos negros reivindicam poderão ocorrer com base nas estratégias traçadas por eles.

Em que medida os movimentos negros brasileiros poderão ordenar essa ação coletiva inovadora na busca do outro mundo possível das relações raciais nos próximos anos? E será que nos próximos Fóruns?

[*] Aluna de mestrado no Programa de Pós-graduação em Ciência Política da Universidade de Brasília e integrante do grupo de pesquisa “Sociedade Civil e Negociações Internacionais”, coordenado pela professora Marisa von Bülow, que vem desenvolvendo uma pesquisa sobre o Fórum Social Mundial há 2 anos. Contato: juliana_lmaia@yahoo.com.br.
Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16469
Site da imagem
blogdojolugue.blogspot.com

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Imperdivel, BRIGA no Supremo! Veja um ministro BRASILEIRO falando o que o povo gostaria de falar!


SEM CORTES!!! Discussão entre os ministros Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa! Imperdivel, BRIGA no Supremo! Veja um ministro BRASILEIRO falando o que o povo gostaria de falar!

Site Prof. Cássio Moreira:
http://br.geocities.com/cassiocsm/politica

Drogas matam. Mas matam quem?

Não é exatamente a pobreza que gera a violência do tráfico. Este se beneficia de um ambiente em que a população foi esquecida pelo governo e pela sociedade, no qual os serviços públicos são precários, o acesso à Justiça é difícil e as forças de segurança agem muitas vezes como aqueles a quem deveriam combater. O tráfico, para ser violento, depende da desorganização local e da ausência de ações do poder público.
Drogas matam. Mas os óbitos por overdose ou em decorrência de crimes cometidos sob a influência de entorpecentes ilegais são a minoria dos casos. Registros policiais mostram que há mais homicídios relacionados ao consumo excessivo de álcool – que é uma droga permitida e vendida na TV – do que a qualquer outra. A forma como o tráfico se organizou é a principal razão dessa guerra, cujas baixas normalmente são homens, jovens, pobres, moradores de comunidades carentes, envolvidos direta ou indiretamente nesse contexto. Em outras palavras, na maioria das vezes, matam-se entre si.
Não é o consumo de drogas pelos envolvidos que leva a matar os rivais e sim uma questão muito mais racional: o comércio. No capitalismo, toda a expansão de mercado é conflituosa. Quando se abre uma loja em um bairro, os que lá já estavam estabelecidos podem se sentir prejudicados. Ainda mais quando os forasteiros trazem produtos melhores e a preços mais baixos. Se a concorrência é agressiva e chega a tal ponto que a convivência pacífica torna-se insustentável, pode-se apelar à Justiça, que decidirá quem tem razão na disputa. Mas o que fazer quando se vive em um sistema ilegal, condenado pela própria Justiça? A solução é ter o maior poder bélico possível para fazer valer o seu ponto de vista sobre os demais, sobre a polícia, sobre os moradores de determinada comunidade. É necessário controlar – por bem ou por mal – um território. Uma das garantias que o traficante pode dar é ter um território consolidado, seguro para estocar a mercadoria e vender à sua freguesia. Quanto mais território um grupo possui, mais pontos de venda terá.
Como já disse aqui antes, mais do que uma escolha pelo crime, o tráfico é uma escolha pelo emprego e pelo reconhecimento social. Um trabalho ilegal e de extremo risco, mas em que o dinheiro entra de forma rápida. Dessa forma, pode ajudar a família, melhorar de vida, dar vazão às suas aspirações de consumo – pois não são apenas os jovens de classe média que querem o tênis novo que saiu na TV. Ganhar respeito de um grupo, se impor contra a violência da polícia. E uma vez dentro desse sistema, terá que agir sob suas normas. Matando e morrendo, em uma batalha em que, para cada baixa, fica uma família. 

Fonte: http://blogdosakamoto.uol.com.br/2012/01/15/drogas-matam-mas-matam-quem/

Democracia brasileira depende de punição de crimes da ditadura

Seminário sobre o direito à memória e a verdade discutiu os mitos que conduzem à impunidade, até hoje, dos responsáveis pelos crimes cometidos durante a ditadura militar. Para o sociólogo Boaventura de Souza Santos, se esta punição não vier, o país jamais sairá da atual fase de transição democrática. “Não nos iludamos, a democracia não está consolidada no Brasil”, afirmou.

Recontar a história, para que o que aconteceu não se repita. Este é o principal objetivo dos milhares de brasileiros e brasileiras que lutam pelo direito à memória e à verdade aos que morreram durante a ditadura militar ou seguem desaparecido mais de vinte anos depois. Manchete nas páginas da imprensa, o tema vem sendo debatido no país, onde muitos defendem que não se deve mexer no passado. Num seminário realizado nesta quinta-feira (28), durante as atividades do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, promotores e sociólogos debateram a importância de garantir este direito para que o país ultrapasse uma fase ainda de transição para a democracia. E, com propriedade, desconstruíram os argumentos míticos que há décadas conduzem à impunidade daqueles que cometeram crimes contra a humanidade.

Uma das idéias centrais no debate público sobre o tema é que os crimes da ditadura prescreveram, ou seja, passou-se muito tempo e agora não há mais como responsabilizar eventuais culpados. Desde o início do século passado, no entanto, crimes como tortura e desaparecimento forçado, quando praticados pelo Estado de forma geral e sistemática contra grupos sociais, são considerados crimes contra a humanidade. Em 1914, entrou em vigor uma convenção das Nações Unidas, ratificada pelo Brasil, que estabelece este conceito. Décadas mais tarde, outra resolução da ONU definiu que crimes contra a humanidade não prescrevem.

“Ou seja, na esfera internacional e também no Brasil, que trouxe esses conceitos para o seu ordenamento jurídico, esse argumento da prescrição não se aplica. Nem leis, nem decisões de tribunais e governos de países podem impedir que se investigue e puna aqueles que praticaram esses crimes com base nesta justificativa”, explica Domingos Sávio da Silveira, procurador da República.

O segundo argumento-mordaça para impedir a garantia do direito à memória e à verdade é que a Lei de Anistia pacificou o país, e que não há por que ser revanchista e voltar ao conflito. Na verdade, a Lei 6683, de 1979, anistiou os crimes políticos, eleitorais e conexos, dirigida aos que haviam sido perseguidos politicamente pela ditadura.

“Esta não era uma lei para os militares, ou vocês acham que eles iam admitir na lei que tinham torturado e matado nos porões? O poder não confessa o que praticou às escondidas. Esta foi uma lei unilateral, apresentada como pacificadora, para se tornar uma lei do esquecimento”, acredita Silveira. “A anistia aqui surgiu para que não houvesse acesso aos nomes de quem se envolveu nisso. Mas o Brasil precisa saber tudo. Nome completo e circunstâncias”, acrescenta o jornalista e sociólogo Marcos Rolim.

Em busca da democracia
O problema é que o país vive entre aqueles que não podem esquecer e aqueles que não querem lembrar. Para Boaventura de Souza Santos, professor catedrático da Faculdade de Economia e diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, em Portugal, Este é um momento difícil da transição da ditadura para um regime democrático.

“As vítimas e familiares e aqueles que lutam pela democracia sabem que, se esquecermos, isso pode voltar amanhã. E aqueles que não querem lembrar porque tem muito poder hoje, vivem uma vida que não querem abandonar. É por isso é tão difícil lembrar que nenhuma Lei de Anistia pode abranger crimes contra humanidade. E por isso esta é uma luta política do mais alto nível. Se a interpretação que for dada à Lei de Anistia no Brasil decidir apagar os crimes contra a humanidade, podemos dizer que a ditadura ainda está presente, pela incapacidade de este país saber a verdade”, acredita Boaventura.

Trata-se, portanto, de uma transição que precisa democratizar o passado, para democratizar o presente e o futuro. E uma transição que tem enfrentado resistências de várias formas, como a atuação dos próprios meios de comunicação neste debate.

“Quando os grandes veículos de comunicação reintroduzem em suas manchetes o termo pelo qual a ditadura designou a esquerda armada – “terroristas” –, forma-se um senso comum de que as duas partes cometeram crimes. E esta é uma disputa fundamental a ser travada. Pode-se fazer muitas críticas práticas e procedentes à esquerda que pegou em armas e praticou atos que não são sustentáveis do ponto de vista dos direitos humanos, mas do ponto de vista histórico, é inaceitável chamar essas pessoas de terroristas. É preciso lembrar que um dos princípios mais consagrados pelo liberalismo político no campo jurídico é o direito e o dever à resistência armada aos regimes autoritários”, acrescenta Marcos Rolim.

Ao final, na avaliação dos participantes do seminário, tal utilização de conceitos e princípios leva a uma compreensão perversa e que impede o direito à memória e a verdade. “Dizer que o direito à verdade é revanchismo é uma perversão do conceito de justiça. Sem contar que hoje são eles que se dizem defensores da liberdade de expressão. Essa era uma bandeira das forças progressistas, e hoje aparentemente é deles. Há, portanto, uma conexão e uma aliança sinistra entre quem tem privilégios hoje e quem tinha antes. E por isso uma luta pela memória é uma das mais democráticas que podemos viver”, afirma Boaventura.

Ficou claro, ao final do debate, que o mais importante é reescrever o passado. Não para punir criminalmente – apesar de isto ser absolutamente viável – mas para recompor a história do país e completar o quebra cabeça da nossa história. Se a verdade, como lembrou Rolim, é uma construção subjetiva, que pode ganhar novos significados a depender da interpretação e dos valores dados a cada fato, os movimentos que constroem as lutas do Fórum Social Mundial têm pela frente o esforço de decidir qual a memória coletiva sobre a ditadura militar que querem para o Brasil. Do contrário, sem jogar luzes sobre a tortura do passado, seguiremos longe da tarefa de banir, de vez, a tortura das práticas dos agentes estatais brasileiros e de conquistar, finalmente, a democracia em nosso país.




Fotos: Bia Barbosa


Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16369

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Bullying na internet é problema global, mostra pesquisa


Mais de 10% dos pais ao redor do mundo afirmaram que seus filhos sofreram bullying na internet e quase um quarto conhece um jovem que já foi vítima das intimidações na web, segundo uma pesquisa da Ipsos.
Mais de três quartos das pessoas questionadas na pesquisa global consideraram o ciberbullying diferente de outros tipos de perseguição e disseram que ele merece atenção especial e esforços de pais e de escolas.
"Os dados mostram claramente um apetite entre pessoas ao redor do mundo por uma resposta direcionada ao ciberbullying", disse Keren Gottfried, da Ipsos, que conduziu a pesquisa.
Ela acrescentou, contudo, que depende dos educadores agir de acordo com essa demanda.
A pesquisa on-line, que englobou mais de 18 mil adultos em 24 países, dos quais 6.500 são pais, mostrou que o veículo mais utilizado para o ciberbullying são sites de redes sociais como o Facebook, citado por 60% das pessoas.
Aparelhos móveis e salas de bate-papo ficaram em segundo e terceiro lugares da pesquisa, sendo que cada um deles foi citado por 40% das pessoas.
Embora a pesquisa tenha mostrado que a conscientização sobre o ciberbullying é relativamente alta, com dois terços das pessoas afirmando que ouviram, leram ou viram informações sobre o fenômeno, ela mostrou que há muitas diferenças culturais e geográficas a respeito do assunto.
Na Indonésia, 91% dos entrevistados disseram conhecer o ciberbullying. Na Austrália, o número foi de 87%, e Polônia e Suécia ficaram a seguir. Mas somente 29% das pessoas ouvidas na Arábia Saudita e 35% dos entrevistados na Rússia haviam ouvido sobre o ciberbullying.
Nos Estados Unidos, onde divulgou-se amplamente casos de ciberbullying ligados a suicídios de adolescentes, o número foi de 82%.

O País das urgências e o aniversário de Darwin

Todo ano, muitos se divertem com as respostas dadas por candidatos em exames vestibulares, esquecendo que o que é ali regurgitado é resultado do declínio do ensino primário e secundário e, ainda mais grave, mesmo os estudantes que forem admitidos na universidade trarão consigo os resultados da cada vez mais deficiente educação que tiveram. Cento e cinquenta anos depois da publicação da [i]Origem das Espécies[/i], quantos calouros terão alguma idéia do que se tratou na obra? O artigo é de Fernando J. Cardim de Carvalho.

O Brasil é um país de urgências. Reais, prementes. Era urgente controlar a alta inflação que corroeu a economia nacional por três décadas. Era urgente evitar a crise do sistema bancário resultante do controle da inflação. Foi sem dúvida urgente tomar medidas para evitar o contágio das crises mexicana (de 1994), asiática (de 1997), russa (de 1998), etc, ao qual nos expomos quando os liberais de FHC resolveram desmontar os controles que limitavam os movimentos de capitais de curto prazo para dentro e para fora do país. Era urgente, naturalmente, combater a fome. É urgente, agora, conter e reverter a crise que herdamos dos americanos, e assim por diante.

Nos movemos de urgência em urgência, e não é surpreendente que assim seja, já que continuamos a ser um país em desenvolvimento, com grandes demandas e enormes vulnerabilidades, mesmo que algumas destas últimas sejam auto-infligidas, parte daquilo que há poucos anos atrás se chamava de herança maldita, resultante da adesão, com o entusiasmo e ortodoxia dos recém convertidos, a um liberalismo que já dava sinais de exaustão no resto do mundo, mas que chegou aqui, pelas mãos de FHC, e continuou durante o palloccinato, em meados dos anos 1990.

É natural atacar primeiro os problemas urgentes, mas é também comum a tendência a considerar urgentes apenas os problemas cuja solução pode ser conseguida no curto prazo. Há uma certa inclinação a confundir problemas de longo prazo com aqueles cuja solução pode ser encaminhada “mais tarde”. Assim, é urgente, por exemplo, atacar o problema da fome. Como dizia o saudoso Betinho, quem tem fome tem pressa. Mas o problema da fome não é apenas o problema da provisão imediata de alimentos a famílias famintas, ele é também o problema do emprego, que dará solução durável e sustentável ao problema da fome. É preciso urgentemente combater a crise que nos ataca do exterior, mas o combate bem sucedido à crise não se esgota em medidas de criação de emprego emergencial, das famosas frentes de trabalho, ou assistenciais, ele exige a implementação de projetos que garantam que a economia será capaz de manter esses empregos mesmo quando o impulso inicial se esgotar, como fatalmente ocorrerá em algum momento.

É por essa razão que a hora é de relizar investimentos em infra-estrutura, por exemplo, capazes não apenas de ter efeitos sobre a demanda agregada mais significativos que qualquer outro gasto, mas tambem de modernizar a estrutura produtiva da economia brasileira, permitindo a ela alcançar outro patamar de produtividade e, assim, de potencial produtivo.

Finalmente, é preciso evitar crises financeiras, provendo liquidez ao sistema bancário, mas é necessário que isso seja feito concomitantemente a uma reavaliação dos resultados do processo de desregulação financeira que nos tornou tão vulneráveis, por exemplo, à entrada e saída de capitais da bolsa de valores. Não há contradição entre urgência e relevância ou entre urgência e alcance das medidas que devem ser tomadas para atacar os problemas. O combate aos problemas ditos “de longo prazo” não é para ser deixado para depois da urgência passar, ele é parte essencial do combate aos problemas presentes.

Uma das mais essenciais urgências que enfrentamos é o assustador estado da educação no país, especialmente de primeiro e segundo graus. Era urgente trazer as crianças para a escola (até para poder garantir que elas seriam alimentadas pela merenda escolar), mas a reconstrução das escolas enquanto escolas não tem sido vista como urgente ou prioritária. As escolas públicas sofreram um processo de decadência acentuada nas últimas quatro ou cinco décadas, com a desvalorização da figura do professor primário e secundário, a redução de salários e o consequente processo de desqualificação docente, a transformação dos prédios escolares em espaço de banditismo de toda espécie, etc.

Aumentar o número de crianças e adolescentes matriculados nas escolas é obviamente uma tarefa urgente, mas recuperar o papel das escolas como provedoras de educação é igualmente urgente, não é algo a ser deixado para “mais tarde”. A queda dos padrões de ensino com a decadência da escola pública (e não nos enganemos, as escolas privadas acompanharam, ainda que menos dramaticamente esse processo de decadência, como qualquer professor de universidade que receba esses estudantes pode testemunhar) não apenas impede a transmissão das noções de cidadania necessárias à sobrevivência das formas democráticas de convivência e prática política, mas também o conhecimento mínimo de matemática, ciências, línguas, inclusive, naturalmente, o portugues, sem o qual a própria sobrevivência do país estará ameaçada.

O desprezo por essas preocupações, sua “não urgência”, é notável. Veja-se a discussão recente que acompanhou a fixação de pisos salariais para professores. Delegados de polícia, funcionários dos poderes judiciário e legislativo, auditores fiscais, técnicos de orçamento e gestão do governo, e, por que não, mesmo professores universitários como este articulista, são sempre priorizados, suas reinvindicações salariais são sempre consideradas urgentes. Professores primários e secundários não. Ninguem se opõe a que sejam pagos um pouco melhor, pelo menos em público, mas poucos se preocupam ou efetivamente se mobilizam para garantir salários melhores e, ao mesmo tempo, exigir uma qualificação maior desses docentes, medir sua produtividade e os resultados do investimento, etc.

Mais notavelmente ainda, poucos se preocupam com o conteúdo do que é ensinado. O ensino de ciências e matemática, em particularmente, passou por uma forte degradação. Não se trata aqui de discutir a pesquisa universitária, de ponta, mas a qualificação e o conhecimento ao alcance da população como um todo. Nos Estados Unidos, as iniciativas de grupos religiosos fundamentalistas voltadas para a modificação do ensino de ciências na escola primária e secundária, particularmente no que respeita à biologia moderna e o papel da teoria da evolução, são sempre recebidas com escândalo e forte e imediata reação do público. Pais se preocupam que seus filhos recebam uma educação obscurantista, que venha a prejudicar não apenas sua qualificação profissional mais tarde, mas tambem suas chances de entender e acompanhar as mudanças dos tempos.

Aqui, tivemos uma governadora recente do Rio de Janeiro que se declarou criacionista, para quem evolução é apenas uma teoria, e que reintroduziu o ensino obrigatório de religião na escola pública, contratando para tanto centenas de professores, enquanto as escolas apontam todo ano a falta de professores de matemática e ciências. Nem a profissão pública de fé criacionista, nem o uso de recursos para a contratação de professores de religião em detrimento dos professores de matemática e ciências parecem ter chocado os cidadãos do estado.

Não há investimento em infraestrutura, na introdução de inovações ou no quer que seja que possa cumprir a promessa de superar o subdesenvolvimento enquanto a educação primária e secundária não for prioridade. Praticamente todas as tecnologias modernas exigem alguma flexibilidade e preparo para serem operadas e isso não é obtido nas universidades, e sim no ensino pré-universitário. Recuperar a escola passa, naturalmente, pela recuperação do professor, mas é preciso que isso seja acompanhada por uma forte exigência de melhoria de conteúdos e de resultados.

O que tudo isso tem a ver com o bicentenário de Darwin, comemorado em todo o mundo neste dia 12 de fevereiro?

Em Lisboa foi aberta ao público no dia do aniversário de Darwin uma grande exposição, patrocinada pela Fundação Gulbenkian, celebrando não apenas um dos maiores cientistas dos tempos modernos (ou de qualquer tempo, na verdade), mas também suas idéias, informando aos visitantes o que pensavam seus antecessores e seus sucessores. Nessa exposição, que o próprio curador da mostra que a inspirou, do Museu de História Natural de Nova York, qualificou de magnífica, mostra-se que, como disse um dos maiores biólogos do século passado, Theodosius Dobzhanski, nada faz sentido na biologia moderna sem a teoria de evolução, como proposta por Darwin em sua Origin of Species, publicada em 1859 (sim, comemoramos também os 150 anos da sua publicação).

A exposição é notável, mas ainda mais notável é que, dois meses antes de sua abertura, já havia sido esgotado o calendário de visitas de escolas até seu encerramento. A primeira de uma serie de palestras que serão oferecidas ao público, pelo curador mencionado, Niles Eldridge, foi feita para um auditório lotado por estudantes de escolas secundárias. A interação sistemática entre cientistas e estudantes pré-universitários e a promoção de atividades que criem um contexto estimulante é uma tarefa que, entre nós, infelizmente nunca chegou a se tornar urgente. Ao contrário, damos de ombros quando um ocupante de poder executivo se declara criacionista, e não nos comovemos com a necessidade de recuperar e defender a qualidade do ensino primário e secundário.

Nós tivemos nossa própria exposição Darwin em 2008, em São Paulo e Rio de Janeiro, graças a uma instituição privada, mas seu impacto foi infelizmente menor e encerrou-se junto com a mostra. Do mesmo modo, programas de televisão e artigos em jornais diários chamaram a atenção para a data, mas como pouco mais do que a efeméride do dia, a curiosidade da vez. Em particular, ainda pouco se compreende da necessidade de superar o isolamento entre universidades e escolas primárias e secundárias no Brasil e poucos professores universitários provavelmente considerariam a possibilidade de engajamento em atividades dessa natureza. Todo ano, muitos se divertem com as respostas dadas por candidatos em exames vestibulares, esquecendo que o que é ali regurgitado é resultado do declínio do ensino primário e secundário e, ainda mais grave, mesmo os estudantes que forem admitidos na universidade trarão consigo os resultados da cada vez mais deficiente educação que tiveram. Cento e cinquenta anos depois da publicação da Origem das Espécies, quantos calouros terão alguma idéia do que se tratou na obra?

Fernando Cardim é economista, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

domingo, 15 de janeiro de 2012

Marx, o 19/20 e o kirchnerismo

Quando Marx diz que “tudo que é sólido desmancha no ar" está se referindo a mudanças de larga duração. Os dias 19 e 20 (de dezembro de 2001, que provocaram a queda do governo De la Rúa) cruzaram uma fronteira na Argentina. Estava claro que, a partir dali, as coisas já não seriam as mesmas. Foi se desvanescendo o edifício dos lugares comuns do que devia ser uma democracia, do que significava ser cidadão, os direitos, as obrigações. Foi um movimento liberador essencialmente destrutivo, de negação. O artigo é de Amílcar Salas Oroño.

1. Em Marx, as imagens jogam um papel decisivo: permitem ao leitor ter em mente uma figura melhor das dimensões, dos espaços e do tempo do drama contido no conflito entre as classes. São recursos quase literários, líricos, ao serviço da análise das contradições e dos antagonismos do capitalismo. Muitas vezes esse jogo de imagens e palavras é intermitente: às vezes querem dizer uma coisa e às vezes outra; são como morcegos: dependendo da sombra, podem ser pássaros ou ratões. Mas essa insistência de Marx em usar símbolos e metáforas variadas em sua ciência vem de sua própria percepção de que a própria realidade é um conjunto de signos. Os signos da rua. A luta de classes se reorganiza, também, pelo que é posto pelos planos da supraestrutura política e ideológica e pelas palavras da rua, por como os imaginários sociais ordenam as ações cotidianas, desde as domésticas até as mais transcendentes.

2. O pertencimento a uma classe social, a um estamento, um determinado grupo, não é uma delimitação milimétrica, formal e estática, mas sim dinâmica e variável; os contornos das classes são móveis. O nó de nossa encruzilhada coletiva de uma uma década atrás foi o fato de que o neoliberalismo levou as coisas a tal ponto que ninguém – que não fosse das elites ou dos setores dominantes – sabia muito bem qual era sua situação. Por todos os lados, reinava a incerteza. As identidades de classe se tornaram difusas – umas mais do que outras – ou então se degradaram em distinta intensidade, ao compasso de um enorme mural onde a pobreza devolvia pequenos fragmentos desoladores desde diferentes regiões do país.

Desde meados dos anos 1990, tudo foi uma sequência de relatos dolorosos, onde a infância se transformava em sinônimo de pobreza, a discriminação pela aparência no substantivo juvenil e a vergonha econômica do pai em um lar sem alegria. De Tartagal a Neuquén, de San Justo a Rosario, as notícias da rua falavam majoritariamente de decepções pessoais, progressos impossíveis.

3. Neste contexto, a luta de classes não se estruturou em um antagonismo de um bloco frente a outro, com canais de negociação; foi tudo mais desordenado e confuso. Apareceram, sim, práticas de classe (subalterna). Houve práticas de classe dispersas, solidárias, reparadoras. Mecânicas coletivas, engenhosas, de mão em mão, que não construíram um sujeito político específico, mas que tiveram a potência suficiente para perfurar a rede ideológica que cobria a dialética social: símbolos e interpretações contrárias às que propunha o neoliberalismo. O 19 e 20 de dezembro (de 2001) como processo histórico – isto é, o que vem antes de 2001 e se projeta para adiante – quebrou aquele molde autodisciplinador no qual havia sido capturado o sentido de nossa democracia.

Emblematicamente, fez isso anulando a legitimidade do que constitui o último recurso do domínio estatal, o estado de sítio.

Os dias 19 e 20 (de dezembro de 2001) cruzaram essa fronteira. Estava claro que, a partir dali, as coisas já não seriam as mesmas. Foi se desvanescendo o edifício dos lugares comuns do que devia ser uma democracia, do que significava ser cidadão, os direitos, as obrigações. Foi um processo, um movimento liberador essencialmente destrutivo, de negação: negou-se a naturalização daquelas imagens, o convívio com essa realidade produtora daquelas imagens. No meio, um coro de vozes pedindo “ordem”: os setores conservadores, as elites.

4. Aberta a fenda, a elaboração dos novos moldes, parâmetros e linguagens democráticas prosseguiu durante o kirchnerismo, na base de uma dialética substancialmente distinta. A reafirmação de novos imaginários não surgiria desde as apostas em práticas de classe em uma sociedade desconjuntada, mas sim desde as decisivas alavancas impostas pela interação entre políticas públicas, governo e estrutural social. O Estado entrou em cena para prosseguir, desde esse ponto de vista, com a confecção de uma nova metáfora da democracia; como socializador, integrador, normatizador e legislador.

Obviamente é outra a contundência quando o Estado é que se converte no organizador material e discursivo da realidade: ao mesmo tempo que recompôs certezas econômicas e identidades sociais, mediante um amplo leque de medidas heterodoxas e originais, dando um novo contorno inclusive as relações de pertencimento de classe, instalou novos princípios de reconhecimento intersubjetivo, revolucionando valores, impulsionando outras imagens: “nós podemos casar com os mesmos direitos”, “o trabalho da dona de casa é um trabalho”, etc. O kirchnerismo é, entre outras coisas, também um aporte a esse mapa democrático.

5. Vivemos hoje em um outro país que aquele de 2001. Os signos da rua e as propostas dos poderes políticos são outras. Há uma década, Ines Pertiné de De la Rúa armava um apaziguador presépio gigante na porta da Casa de Governo para contrapor a atmosfera social. Hoje, ali, entrando no prédio, há um salão com a imagem do Che, de Zapata, de Tupac Amaru...Naquele sentido não superficial nem secundário para Marx – o da produção de signos, representações coletivas e significados do que pode ser uma sociedade - , o trajeto que vai daquelas práticas de classe aos efeitos que pode produzir a socialização política estatal do kirchnerismo mostra uma conexão interna de sentido histórico; talvez sejam momentos de um mesmo processo, o da democratização da sociedade argentina.

Quando Marx anuncia que “tudo que é sólido desmancha no ar e todo sagrado é profanado”, está se referindo a mudanças de larga duração, não a um fato específico nem a um relâmpago pontual da história. A derrubada daquele universo (simbólico) democrático que tivemos de 1983 a 2001 também levará seu tempo: ainda há elementos que sobrevivem, há palavras, ideias e comportamentos que resistem a ser substituídos. Mas a impressão é de que, pelas imagens que nós mesmos refletimos, alguns passos foram dados. À maneira de uma toupeira, laboriosa e animada.

(*) Cientista político da Universidade de Buenos Aires.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer

sábado, 14 de janeiro de 2012

Maior prédio do mundo terá 1.600 metros

Governo da Arábia Saudita autorizou a construção do Kingdom Tower. Custos da obra devem passar de 30 bilhões de dólares.


Se você tem vertigem, é melhor nem imaginar como seria ficar no alto deste prédio. Ainda em fase de projetos, o Kingdom Tower (que será construído na cidade de Jeddah, Arábia Saudita) deve possuir 275 andares quando estiver pronto, atingindo a incrível marca dos 1,6 mil metros de altura. O empreendimento pode chegar a custar 30 bilhões de dólares.
Os atuais planos dos engenheiros responsáveis distribuem os andares do Kingdom Tower da seguinte maneira: os cinco primeiros andares são destinados ao lobby e setores de serviços, os próximos 50 são reservados para escritórios diversos e os 25 seguintes são reservados para um hotel. Do 76º andar 76 ao 195º, estão os blocos residenciais.

Depois de todos esses andares, existe mais uma divisão de 600 metros, em que será instalada a central de geração de energia alternativa do prédio. Exatamente, o Kingdom Tower deve possuir amplas centrais de captação de energia solar e eólica, prometendo ser menos nocivo à natureza do que outras construções.

Comparando com outros prédios

Para quem acha que os 1,6 mil metros do Kingdom Tower não são grande coisa, vamos compará-lo a outras grandes construções. O atual primeiro colocado no ranking fica em Dubai (Emirados Árabes Unidos), possuindo 828 metros de altura. Burf Khalifa foi finalizado em 2010 e conta com 163 andares (102 a menos do que o prédio saudita).
  • Burj Khalifa (Emirados Árabes Unidos): 828 metros;
  • Taipei 101 (Taiwan): 508 metros;
  • Shanghai World Financial Center (China): 492 metros;
  • International Commerce Centre (Hong Kong): 484 metros;
  • Petronas Towers (Malásia): 452 metros;
  • Nanjing Greenland Financial Center (China): 450 metros;
  • Willis Tower (Estados Unidos): 442 metros.

Quais são os fatores que destroem os seres humanos?

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Concursos 2012

Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS - São 14 vagas para professores. As inscrições devem ser feitas até as 12h do dia 10 de fevereiro. A taxa de inscrição é de R$ 100,00. Mais informações e o edital completo no site http://www.uefs.br/
  
Inema – Instituto de Meio Ambiente Seca e Recursos Hídricos – São 45 vagas para técnicos de nível superior. As inscrições, gratuitas, serão realizadas no período de 09 a 11 de janeiro de 2012 (dias úteis) das 9h às 11h30min e das 14h às 16h30min, na recepção do INEMA. 

Prefeitura municipal de Crisópolis – São 42 vagas para níveis superior e médio, os rendimentos vão até R$ 8.300,00 e as inscrições podem ser feitas até o dia 22 de fevereiro site http://www.consultorialideranca.com.br/  
  
IFBA – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – São 253 vagas para professor do magistério do ensino básico, técnico e tecnológico. Os rendimentos variam até R$ 6.106,00. As inscrições podem ser feitas até o dia 03 de janeiro no site www.ifba.edu.br    

 

Secretaria de Estado da EducaçãoVagas são para professor (1.093 vagas) e assistente de atividade administrativa (2.209). Inscrições abertas somente até 16 de janeiro de 2012. 

Universidade Federal da Bahia – As incrições custam de R$ 95,00 a R$115,00 e vão até o dia 27 de janeiro. As vagas são para professores nas classes auxiliar, adjunto e assistente nos campi de Salvador, Vitória da Conquista e Barreiras.

 Prefeitura Municipal de Aracaju – São 100 vagas, com salários que vão até R$ 1.310,00. As inscrições podem ser feitas até o dia 09 de janeiro no site http://www.movens.org.br/