Jornalista diz que,
se fosse preso por aqui, o brasileiro Marco Archer "seria acolhido pela
condescendência do nosso Código Penal. Mas, deu azar de ser flagrado num
país sério, onde a Justiça dá o exemplo: aqui se faz, aqui se paga";
condenado à morte por tráfico de drogas, ele foi fuzilado no último
sábado na Indonésia; Rachel Sheherazade criticou a reação de movimentos,
segundo ela, "'ditos' humanitários contra a morte dos traficantes" e
disse que "Dilma pode até fazer cara feia, bater o pé, mandar voltar o
embaixador, pode fazer a 'mise en scène' que quiser. Mas não tem poder
de interferir na decisão judicial de outro país"
Em mais um comentário polêmico, a jornalista
Rachel Sheherazade defendeu nesta segunda-feira 19, na rádio Jovem Pan, a
condenação à morte do brasileiro Marco Archer, fuzilado por
determinação da Justiça da Indonésia no último sábado 17.
Ela disse que, se fosse preso no Brasil, Archer "seria acolhido pela
condescendência do nosso Código Penal. Mas, deu azar de ser flagrado num
país sério, onde a Justiça dá o exemplo: aqui se faz, aqui se paga".
Ouça aqui ou leia abaixo a íntegra do comentário:
A Indonésia tem leis próprias, soberanas, que devem ser obedecidas
Depois de falhar em sua tentativa de conseguir clemência para um dos
condenados à morte na Indonésia, o brasileiro Marco Archer, a presidente
Dilma mandou dizer, em nota, que estava "consternada e indignada" com a
execução do traficante.
Archer foi flagrado em 2003 no aeroporto de Jacarta com mais de 13
quilos de cocaína. Aquela não era sua primeira viagem de negócios. Marco
era um traficante tarimbado com 25 anos de experiência. Com o dinheiro
do tráfico, levava uma vida fácil, de luxos, festas, mulheres e viagens
pelo mundo. Depois de ser julgado pela instância máxima da justiça da
Indonésia, se tornou o primeiro criminoso brasileiro condenado à pena de
morte.
A Anistia Internacional condenou o governo da Indonésia pela
execução. Considerou a pena de morte uma regressão para os direitos
humanos.
A presidente brasileira mandou até trazer de volta o embaixador do
país "para esclarecimentos", um gesto que, diplomaticamente, representa
um estremecimento nas relações entre os dois países.
Dilma pode até
fazer cara feia, bater o pé, mandar voltar o embaixador, pode fazer a
"mise en scène" que quiser. Mas, não tem poder de interferir na decisão
judicial de um outro país.
Como o Brasil, a Indonésia tem leis próprias, soberanas, que devem ser obedecidas, sob pena de condenação.
Como outros 56 países, a Indonésia também aplica a pena capital.
Ao contrário do Brasil, considerado a principal rota de cocaína na
América do Sul e cujas fronteiras dão boas vindas a traficantes de todas
as partes, a Indonésia se esforça ao máximo para extirpar o tráfico de
suas ilhas.
Em resposta às críticas de movimentos "ditos" humanitários contra a
morte dos traficantes, o presidente da Indonésia, Joko Widodo escreveu:
"A guerra conta a máfia da droga não pode ser feita com meias medidas,
porque as drogas têm verdadeiramente arruinado a vida dos usuários e das
suas famílias."
O potencial de destruição de um traficante só pode ser medido pelas vítimas de seu negócio.
O Brasil é o país com o maior número de viciados em crack e o segundo
maior mercado consumidor de cocaína do mundo. Dados da Polícia Militar
de São Paulo estimam que 80% dos crimes urbanos cometidos no Brasil têm
alguma relação com tráfico de drogas.
Vinte mil brasileiros morrem todo ano em pelo consumo de drogas ou por crimes relacionados ao tráfico.
E apenas 5% dos dependentes de drogas conseguem viver em estado de recuperação.
Quer saber a dimensão do o mal que um traficante pode causar?
Pergunte a quem perdeu um pai, uma mãe, um filho, uma família para o
vício....
No ano 2000, um brasileiro perdeu o próprio irmão para as drogas: o
traficante Marco Archer. Seu irmão, Sérgio, que costumava espancar a mãe
para tomar dinheiro que lhe sustentava o vício, morreu vítima de
overdose.
Em vez de se comover com o próprio drama familiar, e se colocar no
lugar das famílias destruídas pelas drogas que ele mesmo vendia, Archer
lavou as mãos e preferiu ser um mercador de desgraças.
Se preso no Brasil, seria acolhido pela condescendência do nosso
Código Penal. Mas, deu azar de ser flagrado num país sério, onde a
Justiça dá o exemplo: aqui se faz, aqui se paga.
Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/167050/Sheherazade-e-a-barb%C3%A1rie-%E2%80%9Caqui-se-faz-aqui-se-paga%E2%80%9D.htm