Na última semana, foi divulgado pela Mobilização Nacional Indígena um vídeo
que mostra representantes da bancada ruralista protagonizando mais uma
cena de afronta pública aos direitos de índios e outras minorias.
Nas imagens, gravadas durante uma audiência em Vicente Dutra
(RS), os deputados Luís Carlos Heinze (PP-RS) e Alceu Moreira (PMDB-RS)
não só incitam a violência contra lideranças indígenas que tentam
retomar suas terras invadidas por fazendeiros, grileiros e madeireiros,
como também insultam outras populações tradicionais do Brasil e
homossexuais, e reforçam o discurso inverossímil acerca da demarcação de
terras indígenas para o público de produtores rurais.
Os parlamentares se referem a índios, quilombolas, gays e
lésbicas como “tudo o que não presta”, e estimulam agricultores a usarem
de segurança armada para expulsar indígenas do que consideram serem
suas terras. Ao contrário do que sugerem, porém, a demarcação de terras
indígenas é direito previsto na Constituição Federal, e o governo Dilma é
notadamente o que menos demarcou terras desde a Ditadura Militar.
Ao longo dos anos, as estatísticas de violência por questões
fundiárias só vêm aumentando. Nos noticiários, a grande imprensa
ressalta a “invasão” de fazendas por indígenas, sem mencionar que são,
na maioria das vezes, atos de reocupação de territórios tradicionalmente
ocupados e a eles garantidos por lei. Nas cidades, a violência em
protestos também tem sido atribuída aos manifestantes populares, sendo
as forças policiais do Estado poupadas das críticas mais duras.
Vendo imagens como as do vídeo citado acima,
nós nos perguntamos: de onde será que vem a violência no Brasil? Será
que vem mesmo por parte dos movimentos sociais? Atitudes como as
propostas pelos deputados ruralistas não podem se tornar a maneira
corrente de cessar os conflitos – seja no campo ou na cidade.
Enquanto eles estimulam o uso de armas e força bruta como
uma iniciativa de “defesa” própria, nós também chamamos a sociedade a se
defender, mas por vias legais.
O projeto de iniciativa popular pela lei do Desmatamento Zero
é uma alternativa para todos os cidadãos, de zonas rurais ou urbanas,
que repudiam atos de violência contra a floresta e seus habitantes, e
que querem um país melhor para essa e as próximas gerações.
Fonte:Tica Minami
Coordenadora da campanha Amazônia
Greenpeace Brasil
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