A socialista Michelle Bachelet venceu as eleições
presidenciais chilenas deste domingo, com 62,1% dos votos frente à candidata de
direita Evelyn Matthei, que obteve 37,8%, com 99,85% das urnas apuradas,
informou o Serviço Eleitoral do Chile.
Bachelet - uma pediatra de 62 anos-, garantiu seu
retorno ao palácio presidencial de La Moneda depois de um primeiro governo,
entre 2006 e 2010, quando se tornou a primeira mulher a ser presidente na
história do país.
Depois de vencer no primeiro turno de 17 de
novembro, com 46,6%, todos os prognósticos davam Bachelet como ampla vencedora.
Evelyn Matthei, em segundo lugar, ficou com 25,1% dos votos no primeiro
turno.
"Já está claro, ela ganhou. E a cumprimentaremos.
Depois irei visitá-la, como corresponde, pessoalmente", disse Matthei a
jornalistas na saída de sua casa, ao reconhecer sua derrota.
Em uma tradição republicana, o presidente
Sebastián Piñera cumprimentou Bachelet por telefone, em um diálogo transmitido
ao vivo pela televisão.
"Teve uma grande triunfo, queria lhe desejar o
maior dos êxitos", disse Piñera a Bachelet, prometendo, além disso, uma atitude
"patriótica e construtiva" na oposição.
"A partir do próximo ano vou ser a presidente de
todos os chilenos e chilenas", respondeu a candidata vencedora, em suas
primeiras declarações após a vitória.
O presidente do México, Enrique Peña Nieto,
também parabenizou Bachelet por meio do twitter.
"Felicito Michelle Bachelet por sua vitória nas
eleições presidenciais do país irmão, o Chile", escreveu.
Em seu primeiro discurso como futura presidente,
Michelle Bachelet afirmou: "Chile, agora, por fim, é o momento de fazer as
mudanças".
Ao lado de seus filhos e sua mãe, Angela Jeria,
ela falou para milhares de simpatizantes em um cenário montado na avenida
Alameda de Santiago.
Durante a campanha, Bachelet prometeu um
ambicioso programa de reformas, com uma reforma tributária para arrecadar 3% do
PIB, educação gratuita universitária e uma nova
Constituição.
A nova presidente afirmou que se trata de um
momento histórico para o país, que "decidiu que é o momento de fazer profundas
transformações" como a educação universitária gratuita, a reforma tributária ou
a nova Constituição que ela propõe.
Bachelet também mencionou os estudantes que, em
2011, realizaram os maiores protestos no Chile desde a retomada da democracia,
exigindo educação pública gratuita e de qualidade.
"O lucro não pode ser o motor da educação, a
educação não é uma mercadoria, os sonhos não são um bem de mercado, é um direito
de todos", disse a socialista.
"Não vai ser fácil, mas, quando foi fácil mudar o
mundo para melhor?", questionou Bachelet diante de seus
seguidores.
A socialista lembrou todos aqueles que morreram
na ditadura, e prestou uma homenagem especial a seu pai, que "não deixou de me
acompanhar um só dia da minha vida", disse a presidente.
Uma disputa inédita
Além das propostas de Matthei e Bachelet, a
disputa que protagonizaram foi inédita e dramática, pela história trágica que
envolve suas famílias.
É a primeira vez que duas mulheres se enfrentaram
nas urnas na América Latina. Além disso, elas compartilham um passado
comum.
Bachelet e Matthei são filhas de generais da
Força Aérea que foram muito amigos e, quando crianças, brincavam juntas, mas o
golpe de Estado de Augusto Pinochet, em 1973, determinou a vida de
ambas.
Enquanto o general Alberto Bachelet foi preso e
torturado até a morte por se manter leal ao governo de Salvador Allende,
Fernando Matthei formou a junta militar do regime.
O Chile que espera a nova
presidente
Bachelet assumirá o cargo dia 11 de março de 2014
e governará até 2018. Receberá uma economia que desacelera, após um crescimento
este ano de 4,2%.
Menores investimentos em mineração, devido a uma
queda internacional no preço das matérias-primas, impactarão o principal
produtor mundial de cobre.
No nível social, deverá enfrentar uma série de
demandas sociais, lideradas pelos estudantes, que já anteciparam que farão
mobilizações em 2014 por educação pública, gratuita e de
qualidade.
A vitória de Bachelet, pediatra de 62 anos, marca
o retorno da esquerda à presidência do Chile, após quatro anos de governo de
centro-direita de Sebastián Piñera, aliado de Matthei. A líder socialista
encontra um país diferente do que assumiu em 2006, à frente da Concertação,
coalizão de esquerda que governou o Chile por duas
décadas.
Nos últimos dois anos, o Chile se viu envolto em
uma série de revoltas estudantis que evidenciaram o descontentamento da
população chilena com parte das políticas econômicas e sociais do
país.
As manifestações pela reforma do sistema
educacional provocaram os maiores protestos no país desde o movimento pelo fim
da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990).
Bachelet fez da reforma da educação uma de suas
principais bandeiras de campanha. Quatro líderes estudantis se lançaram como
candidatos na coalizão de esquerda e foram eleitos, dando força às reformas
prometidas por Bachelet, que defendeu a gratuidade da universidade pública, mas
também representando um grande desafio para manter a coalizão
unida.
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