Heloisa Cristaldo
Repórter da Agência Brasil
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Os restos mortais do ex-presidente João Goulart serão
exumados no dia 13 de novembro deste ano, informou hoje (16) a ministra
de Direitos Humanos, Maria do Rosário. Deposto pelo regime militar
(1964-1985), Goulart morreu no exílio, no dia 6 de dezembro de 1976, na
Argentina. O objetivo da exumação é descobrir se ele foi assassinado.
Por imposição do regime militar brasileiro, Goulart foi sepultado em
sua cidade natal, São Borja, no Rio Grande do Sul, sem passar por uma
autópsia. Desde então, existe a suspeita de que a morte de Jango pode
ter sido articulada pelas ditaduras do Brasil, da Argentina e do
Uruguai. Após os exames, que serão feitos em Brasília e em laboratórios
internacionais, os despojos voltarão para São Borja no 6 de dezembro,
data de morte do ex-presidente.
“Essa é a busca da memória do nosso país, daquilo que nos constitui.
A exumação de João Goulart é a exumação da ditadura do nosso país”,
disse a ministra Maria do Rosário em entrevista coletiva.
A exumação será coordenada pelo Instituto Nacional de
Criminalística, da Polícia Federal e ocorrerá em duas etapas. A primeira
é a análise antropológica, que detalhará informações sobre substâncias
venenosas que eram usadas no Brasil, na Argentina e no Uruguai e podem
ter causado o envenenamento do ex-presidente. Nesse momento, serão
reunidos dados médicos e pessoais do ex-presidente. Além disso, será
feita a análise do DNA. A segunda etapa constará do exame toxicológico
dos restos mortais de Goulart para confirmar se houve envenenamento.
“Hoje podemos dizer com segurança que o ex-presidente foi perseguido
por agentes da ditadura militar todos os dias de sua vida. Antes e
depois do exílio. Independentemente do trabalho de pesquisas e do
resultado, já temos convicção que a ditadura o perseguia. Sabemos que
ele tentava voltar ao país pouco antes de sua morte”, disse a ministra.
“Ainda que do ponto de vista técnico não seja encontrado qualquer tipo
de veneno, não temos dúvidas que o ex-presidente foi vítima da
ditadura”, completou.
João Goulart morreu no exílio, no dia 6 de dezembro de 1976 em
Mercedes, cidade do Norte da Argentina. A exumação faz parte de uma
investigação para esclarecer se a causa da morte João Goulart foi mesmo
um ataque cardíaco, conforme divulgaram na ocasião as autoridades do
regime militar.
Parentes e amigos próximos do ex-presidente sustentam a tese de que a
morte pode ter sido causada pela substituição de medicamentos
rotineiros de Goulart, feita por agentes da repressão uruguaia.
Investigações conduzidas pela Comissão Nacional da Verdade indicam que o
ex-presidente foi uma das vítimas da Operação Condor, montada pelas
ditaduras militares do Brasil, da Argentina e do Uruguai para perseguir
opositores.
De acordo com Amaury de Souza Jr, perito da Polícia Federal, a
exumação toxicológica dos restos mortais do ex-presidente João Goulart
será feita por um conjunto de laboratórios internacionais de
identificação. O procedimento tem o objetivo de garantir a isenção das
informações e desvincular o resultado do Estado brasileiro. A operação
terá supervisão do Comitê Internacional da Cruz Vermelha e de peritos
internacionais da Argentina e do Uruguai. Técnicos cubanos também
poderão se integrar ao grupo.
Edição: Nádia Franco
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-10-16/exumacao-dos-restos-mortais-de-jango-sera-no-proximo-dia-13
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