Imagem: jconline.ne10.uol.com.br
Vinte anos após o início das investigações pelo pesquisador Luis
Antonio Pedreira Gonzaga, da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), é descoberta em uma faixa estreita de Mata Atlântica, no litoral
da Bahia, uma nova espécie de pássaro (Scytalopus gonzagai) que,
entretanto, já corre risco de extinção.
O biólogo especializado
em ornitologia (estudo dos pássaros) Giovanni Nachtigall Maurício,
professor do curso de gestão ambiental da Universidade Federal de
Pelotas, no Rio Grande do Sul, e primeiro autor do artigo de descrição
da espécie, disse à Agência Brasil que os cálculos
feitos durante a pesquisa de campo estimaram em quase 3 mil o número
desses pássaros na região. O pássaro recebeu o nome de
macuquinho-preto-baiano. A estimativa foi baseada no cálculo da área
disponível e da densidade. A partir desses dados, os pesquisadores
ampliaram as informações para toda a área possível.
“A gente fez
um cálculo e, depois, uma ampliação, que indicou em torno de 2.888
pássaros na espécie. O cálculo foi o estopim para essa conclusão (de
risco de extinção)”, relatou o biólogo. Depois desses cálculos, a
equipe de pesquisadores usou os critérios da União Internacional para
Conservação da Natureza (IUCN, a sigla em inglês), “que são critérios
universais para o estudo de espécies ameaçadas. O conjunto de critérios
vai mostrar o grau de ameaça àquela espécie. Ela se enquadrou na
categoria em perigo. Essa é uma categoria de ameaça oficial”.
A
regra geral estabelece que até 2.500 indivíduos, a espécie seria
considerada criticamente em perigo; de 2.500 até 10 mil indivíduos, é
considerada em perigo; e de 10 mil até 20 mil, é vulnerável.
Giovanni
Maurício confirmou que o embrião da descoberta foi a pesquisa
independente do professor da UFRJ Luiz Antonio Pedreira Gonzaga e
amigos. Gonzaga acabou sendo homenageado ao batizar com seu nome a nova
espécie brasileira. Naquela época, por volta de 1993, os pesquisadores
acreditaram que se tratava de um macuquinho-preto comum, encontrado no
Sul e no Sudeste do país. “Por isso, ela não foi descrita naqueles
primórdios”, explicou Maurício.
Segundo o especialista, a
desconfiança de que era uma nova espécie começou em 2002. Constatou-se,
então, que as medidas eram diferentes. “A cauda era menor e a asa,
maior”, disse Maurício. A cor foi outro fator de distinção. O
'Scytalopus gonzagai' apresenta ainda ritmo de canto mais forte e
diferentes vocalizações.
Duas expedições feitas em 2004 e 2006,
com o apoio da organização não governamental (ONG) Save Brasil ,
vinculada à Birdlife Internacional, da Inglaterra, e da Fundação Grupo
Boticário de Proteção à Natureza, respectivamente, puderam investigar
mais profundamente o pássaro, nas montanhas do sudeste da Bahia. As
expedições confirmaram que era uma espécie nova e permitiram chegar à
descoberta este ano.
Giovanni Maurício se baseia na Política
Nacional da Biodiversidade para transmitir aos alunos a importância do
tema para a vida no planeta. O professor decidiu retomar a descrição da
espécie, que estava parada, “até para mostrar aos alunos como a
biodiversidade brasileira vai aumentando”. Ele pretende continuar
fazendo a revisão desse gênero de aves porque está convicto de que há
mais espécies novas a serem descritas. Maurício acredita que daqui a um
ou dois anos serão descobertas mais espécies não ameaçadas de extinção,
porque têm uma distribuição maior. “A gente continua nesse trabalho”.
Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/pesquisa-e-inovacao/noticia/2014-09/nova-especie-de-passaro-descoberta-no-brasil-ja-corre-risco-de
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