Na mesma casa, Amado e sua esposa, falecida em 2008, recebem ícones
da literatura mundial, como Simone de Beauvoir (1908-1986), Jean-Paul
Sartre (1905-1980) e Pablo Neruda (1904-1973). Também convidou cineastas
ilustres como Roman Polanski, Jack Nicholson e o brasileiro Glauber
Rocha (1939-1981).
A casa foi transformada em um centro cultural pelo arquiteto Gringo
Cardía, que transformou cada cômodo numa chance de "viver a experiência
Jorge Amado", aproveitando-se da estrutura original do imóvel e dos
objetos guardados pela família.
"Estou há um ano mergulhado em Jorge Amado para restaurar essa casa, e
descobri que ele não era só um escritor. Era um antropólogo, um
filósofo, um profundo defensor da cultura brasileira, da nossa
mestiçagem, que defendia até politicamente. Por isso, quis fazer um
museu vivo, que permita às novas gerações viver a experiência Jorge
Amado", afirmou Cardía, segundo informações do jornal O Globo.
De acordo com o arquiteto, "ideia da curadoria é mostrar além da
casa, que por si só já é um museu de arte popular brasileira, mas
mergulhar as pessoas no imaginário dele. Da sua literatura cheia de
sons, cheiros, sentidos".
Detalhes da casa
A cozinha do novo espaço abriga diversas cestarias e gamelas
cheirando a pimenta fresca. Neste mesmo espaço, o visitante tem a
oportunidade de ver vídeos sobre a famosa cozinheira baiana Dadá fazendo
três receitas dos livros de Jorge Amado. A antiga piscina virou um
"lago de sapos", onde fica boa parte de coleção de sapos do escritor.
Sapos de verdade também ficarão no local.
Nas salas de leitura, há 120 vídeos que totalizam dez horas
depoimento sobre a obra de Jorge Amado. Em uma das peças, por exemplo,
tem o ex-boxeador baiano "Popó (Acelino Freitas) lendou "Jubiabá", e o
cantor Paulinho da Viola lendo "Tenda dos Milagres".
Nos quartos da casa são contadas as histórias de muitas viagens do
escritor com a sua esposa e a importância do amor e do sexo nas tramas
do autor. Os visitantes também encontrarão coleção de esculturas,
quadros e azulejaria espalhada pelos mil metros quadrados da casa, além
de malas de viagens e livros da biblioteca do escritor.
A entrada custará R$ 20, e não ser para estudantes, professores e idosos, para quem o acesso será gratuito.
Obra
Academicamente, o trabalho de Jorge Amado é dividido em três fases: a
primeira destaca-se pelo retrato da vida urbana em Salvador, com obras
consideradas como "romances proletários", como "O País do Carnaval", "Suor" e talvez o principal livro do escritor, "Capitães da Areia".
Na segunda etapa do seu trabalho, o artista publicou retratou o ciclo
do cacau na Bahia bem como o conflitos entre coronéis pela posse de
terra e a escravidão de trabalhadores, em obras como "Terras do Sem Fim", "Cacau" e "São Jorge de Ilhéus". Por fim, têm-se as crônicas de costumes, com "Mar Morto", "Jubiabá" e "Gabriela, cravo e canela".
Fonte: https://www.brasil247.com/pt/247/bahia247/159676/Casa-de-Jorge-Amado-vira-centro-cultural-na-Bahia.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário