Há formadores de opinião como, no jornal Folha de S. Paulo, o
profissional Josias de Souza que veem Dilma 'plagiando' o passado. No
entanto, será que as semelhanças não são muito mais imaginativas do que
reais?
Tomem-se, para efeito do que é plágio e do que é inédito, as
manchetes da própria Folha, neste sábado 8, de primeira página e de
abertura do caderno Poder 2. Na capa do jornal lá está: 'Governo agora
divulga alta no desmate da Amazônia'. É, com efeito, uma informação
fundamental. Na página Poder 2-1, por outro lado, se lê: 'Maior acesso a
serviços compensa estagnação da renda entre pobres', com o seguinte
complemento: 'Indicadores apontam melhorias com mais escolaridade e
ampliação de rede deágua e esgoto'.
O desmatamento da Amazônia aumentou em todos os governos, em alguns
anos, mas ampliação de saneamento básico sem sempre cresceu. Como editor
de um grande jornal, qual das duas notícias você levaria para a
primeira páginal? E qual delas você mandaria lá para dentro, sem o mesmo
destaque? A definição é, como sempre, política e ideológica. Vai
depender de visão de mundo. De escolha política.
INFLAÇÃO CAI. OU SOBE? - No atual quadro
pós-eleitoral, o que se sabe sobre uma das pautas permanentes de todas
as mídias – a inflação – é que a taxa medida pelo IBGE caiu, em outubro,
para para 0,42% sobre 0,57% em setembro. Pode-se ler essa queda como um
acerto da política econômica, assim como dá para apontar que, ainda
assim, o teto da meta de 6,5% para 2014 poderá estourar em alguns
pontinhos. A escolha é livre.
O que não está sendo percebido, em razão da angulação ideológica dos
donos da grande mídia sobre os fatos, é que se pratica no Brasil, neste
momento, um capítulo conhecido e reconhecido da ortodoxia econômica
vigente: a pouso suave, chamado de soft landing em inglês. Não houve, ao
contrário do que gostariam muitos, para ter argumentos para a crítica, o
tarifaço que poderia ter ocorrido. Igualmente não aconteceu uma subida
recessiva de juros, a ponto de inviabilizar negócios e paralisar a
economia. O que ocorreu, isso sim, foi uma leitura entre analistas
financeiros internacionais, como Toni Volpon, da Nomura Securities – a
maior banca de investimentos do Japão – de que o Brasil volta a ser um
porto atraente para investimentos internacionais.
Não era isso o que se pedia na campanha eleitoral: a volta dos
investimentos, a pilotagem segura da economia, a ausência de sustos?
TRÊS POR CENTO É TARIFAÇO? - O mesmo esquema se
repete em relação ao reajuste de 3% nos preços da gasolina e 5% no valor
do óleo diesel, promovidos pela direção da Petrobras esta semana.
Durante a campanha, basta olhar nos arquivos, tanto a presidente Dilma,
como Graça Foster, da Petrobras, e o ministro Guido Mantega, da
Fazenda, disseram e repetiram que, até o final do ano, a exemplo dos
anos anteriores, haveria sim um reajuste de preços na gasolina e no
diesel. E ele veio em percentuais que, segundo os distribuidores, nem
serão totalmente repassados às bombas, para o consumidor. Mais: com o
leve ajuste, a Petrobras terá a mais em seus cofres algo como R$ 5,4
bilhões no médio prazo.
Onde está a barbeiragem? Onde está, para usar uma palavra forte,
infelizmente incorporada ao vocabulário dos formadores de opinião, a
'sacanagem'? Qual foi o impacto negativo na vida dos brasileiros que as
medidas econômicas do governo Dilma, no pós reeleição, causaram?
Fala-se, agora, que Mantega está anunciando reduzir subsídios do
BNDES. Não era o que se pedia? Claro está que, para os derrotados nas
urnas, o que se queria é que o ministro cometesse o desatino de Fraga,
que disse não saber o que "sobraria" dos bancos públicos depois que ele
botasse os olhos em seus balanços. A diferença está no volume dos
cortes a serem feitos. Há quem acredite – e esses foram a maioria nas
urnas de outubro – que o governo Dilma sabe fazer essa calibragem melhor
do que os tucanos.
A presidente anunciou que o Mantega não prosseguirá na Fazenda na
próxima gestão – e se mantém coerente com esta decisão, ao analisar
nomes de candidatos altamente qualificados para o cargo como o
ex-presidente do BC Henrique Meirelles e o ex-secretário executivo
Nelson Barbosa. Qual é mesmo o problema? O que se queria é que a
presidente embrulhasse o atual ministro e o defenestrasse? Jogasse fora?
Dilma está fazendo exatamente o contrário, ao buscar soluções mais
dóceis para contrapor a sanha por sangue da oposição.
Há quem acredite que a presidente está agindo da maneira menos
traumática, mantendo a iniciativa sem ter pressa, acenando ao mercado
sem rende-se a ele, deixando a economia funcionar com naturalidade até a
definição de um novo nome para a Fazenda.
E você, o que acha?
Fonte: http://www.brasil247.com/pt/247/economia/159863/Dilma-pilota-in%C3%A9dito-pouso-suave-da-economia-Pl%C3%A1gio.htm
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