sábado, 16 de agosto de 2014

Produção de petróleo sobe 6,9% e de gás natural 8,2% em junho

Imagem: diariodopresal.wordpress.com

A produção brasileira de petróleo e de gás natural aumentou no mês de junho. No total, foram produzidos 2,79 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boe/d), sendo 2,246 milhões de barris de petróleo, o que representa aumento de 6,9% na comparação com o mesmo mês de 2013. Na comparação com maio deste ano, o aumento foi 2,6%. A marca é recorde, superando a produção de 2,231 milhões de barris por dia, em janeiro de 2012.
A produção de gás atingiu 86,6 milhões de metros cúbicos (m³), 8,2% a mais do que em junho do ano passado e 2,4% superior à de maio de 2014. Os dados foram divulgados hoje (15) pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A produção no pré-sal atingiu 583,2 mil boe/d, sendo 478 mil barris de petróleo e 16,7 milhões de m³ de gás natural, um aumento de 6,2% em relação ao mês anterior. Toda ela extraída de 33 poços nos campos de Baleia Azul, Baleia Franca, Barracuda, Caratinga, Búzios, Linguado, Lula, Marlim Leste, Pampo, Sapinhoá, Trilha e na área de Iara.
Cerca de 90,4% da produção são de campos operados pela Petrobras, sendo que 92,4% do petróleo e 73,5% do gás natural foram extraídos de campos marítimos. O maior produtor foi o campo de Roncador, na Bacia de Campos, com média de 256,2 mil boe/d. Em gás natural, a maior produção foi do Campo de Mexilhão, na Bacia de Santos, com média diária de 6,6 milhões de m³.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2014-08/producao-de-petroleo-sobe-69-e-de-gas-natural-82-em-junho

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Rio: Marcha das Vadias reúne mulheres e homens em defesa dos direitos femininos


Ativistas feministas defendem direitos das mulheres durante a passeata Marcha das Vadias na praia de Copacabana (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Ativistas defendem direitos das mulheres durante a Marcha das VadiasFernando Frazão/Agência Brasil
A Marcha das Vadias, evento de luta pelos direitos da mulher, reuniu hoje (9) na orla de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, cerca de 300 pessoas, segundo a Polícia Militar (PM). Muitos manifestantes seguravam cartazes com palavras de ordem contra a violência sexual e de gênero e em defesa de direitos como ao parto humanizado, ao aborto e aos direitos sexuais.
O casal Ana Brumana e Thiago Queiroz foi à marcha pela primeira vez, levando o filho de 1 ano e 7 meses. "Viemos muito motivados pela temática meu corpo, minhas regras. A gente lutou muito pelo parto dele, que foi em casa, foi lindo. Essa é uma luta para a gente", contou Ana.
Cantando e tocando tambores improvisados com latas de tinta, os manifestantes caminharam cerca de 3 quilômetros pela orla.
Muitos homens que participaram da marcha usavam batom, saias e vestidos. O produtor cultural Felipe Gonçalves foi ao protesto pelo segundo ano consecutivo. "O movimento feminista tem crescido muito no Brasil, mas ainda está atrás de alguns movimentos como o movimento negro", opinou ele. "Muitas mulheres, como minha mãe, ainda não se veem no direito de manifestar, não se sentem pertencentes a movimentos como este, que é genial", comentou.
Ativistas feministas defendem direitos das mulheres durante a passeata Marcha das Vadias na praia de Copacabana (Fernando Frazão/Agência Brasil)Manifestantes condenam a violência contra a mulherFernando Frazão/Agência Brasil
O encontro reuniu representantes de diferentes movimentos e causas, como Laura Lee, vice-presidente do grupo Vitamore, de portadores de HTLV, uma doença sexualmente transmissível. "Viemos fazer uma divulgação desse vírus e também defender o direito das mulheres", declarou.
Na metade do percurso, houve princípio de tumulto quando o grupo tentou ocupar uma das vias da Avenida Atlântica e foi contido pela PM. Após alguns minutos de tensão entre alguns manifestantes e policiais, a marcha voltou a ocupar apenas uma das pistas da via.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2014-08/rio-marcha-das-vadias-reune-mulheres-e-homens-em-defesa-dos

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Candidatos à Presidência buscam votos em atividades pelo país


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A candidata do PSOL à Presidência da República, Luciana Genro, defendeu hoje (9), em São Paulo, a universalização do acesso ao ensino público em todos os níveis. Durante aula inaugural da Rede Emancipa, movimento social de cursinhos populares, a candidata disse que as instituições públicas de ensino estão sucateadas e que “a única saída é dobrar o investimento e direcionar 10% do PIB [Produto Interno Bruto] para educação". "Não tem outro jeito, só assim teremos universidade de qualidade para todos”, defendeu.
Na opinião de Luciana Genro, a universalização do acesso ao ensino é uma meta possível de ser atingida. “Isso não é uma utopia, mas o dinheiro precisa sair de algum lugar. Para conseguir esse dinheiro, é preciso contrariar alguns interesses. Os bancos faturam bilhões todos os anos”.
Os candidatos Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB), Rui Costa Pimenta (PCO) e Pastor Everaldo (PSC) também cumpriram agenda de campanha em São Paulo. Eymael participou de caminhada em Guarulhos; Fidelix fez corpo a corpo na capital paulista; Rui Pimenta fez palestra sobre os 90 anos da Coluna Prestes também na capital, e Pastor Everaldo reuniu-se com fiéis na Cruzada Evangélica da Assembleia de Deus, no Sambódromo de São Paulo.
O único candidato que passou o dia no Rio de Janeiro foi Mauro Iasi (PCB). Ele teve compromissos em Santa Teresa, na Barra da Tijuca e na Lapa, com militantes e apoiadores de sua candidatura. Estão cumprindo agenda de campanha, em Brasília, os candidatos Eduardo Jorge (PV) e José Maria (PSTU). Na noite de hoje, os dois participam do Fórum Social Temático de Energia na Universidade de Brasília (UnB).

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2014-08/candidatos-presidencia-buscam-votos-em-atividades-pelo-pais

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

OMS espera que vacina contra ebola esteja disponível em 2015



Segundo ele, em setembro devem avançar os testes clínico da vacina, que está sendo desenvolvida no laboratório britânico GSK, primeiro nos Estados Unidos e depois em um país africano, uma vez que é em países do Continente Africano que têm surgido casos.
Jean-Marie Okwo Bele disse que no fim do ano já se pode "obter resultados" e que se esses testes forem bem-sucedidos, a vacina poderá ser comercializada no próximo ano.

“Como é uma emergência, podemos colocar em prática procedimentos de emergência (...) para que em 2015 possamos dispor de uma vacina", acrescentou o diretor, em entrevista.
No momento, não há tratamento específico no mercado para a febre hemorrágica ebola, causada por um vírus que mata em poucos dias. A taxa de letalidade (relação entre o número de casos e mortes) é superior a 50%.
Várias vacinas estão sendo testadas, enquanto um tratamento promissor, o ZMapp, foi o primeiro a ser testado em norte-americanos infectados na África, depois de bons resultados em macacos.
Desde fevereiro, o vírus ebola infectou mais de 1.700 pessoas - mais de 900 morreram em Serra Leoa, na Guiné-Conacri, Libéria e Nigéria, segundo a OMS.
Hoje foi anunciada a morte, na madrugada, da freira congolesa Chantal Pascaline, que trabalhava com o padre espanhol infectado pelo ebola em um hospital da Libéria.
O vírus é transmitido pelo contato direto com o sangue, líquidos ou tecidos de pessoas ou animais infectados.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2014-08/oms-espera-que-vacina-preventiva-contra-ebola-esteja-disponivel-em

domingo, 10 de agosto de 2014

Produção de petróleo bate recorde em junho

Imagem: meioambiente.culturamix.com

A produção de petróleo no Brasil atingiu recorde de 2,246 milhões de barris por dia em junho e superou o recorde anterior de 2,231 milhões de barris registrado em janeiro de 2012. informou hoje (7) a Agência Nacional do Petróleo (ANP). Houve aumento de 2,6% na produção de petróleo em relação a maio de 2014 e de 6,9% na comparação com junho de 2013.
A produção de gás natural chegou a 86,6 milhões de metros cúbicos e superou em 2,4% a do mês anterior, de 84,5 milhões de metros cúbicos por dia, e em 8,2% a de junho de 2013.
No total, a produção de petróleo e gás natural no Brasil em junho atingiu 2,79 milhões de barris de óleo equivalente por dia, volume superior ao de maio, quando totalizou 2,721 milhões de barris.
A produção no pré-sal aumentou 6,2% em relação ao mês anterior e chegou a 583,2 mil barris de óleo equivalente por dia, sendo 478 mil barris de petróleo e 16,7 milhões de metros cúbicos de gás natural.
De acordo com a ANP, o aproveitamento do gás natural no mês chegou a 95,1%. A queima de gás natural em junho foi cerca de 4,3 milhões de metros cúbicos por dia, uma redução de aproximadamente 9,9% em relação ao mês anterior e aumento de 14,7% em relação a junho de 2013.
Em torno de 90% da produção de petróleo e gás natural foram provenientes de campos operados pela Petrobras.
Aproximadamente 92,4% da produção de petróleo e 73,5% da produção de gás natural do Brasil foram extraídos de campos marítimos. O Campo de Roncador, na Bacia de Campos, foi o que registrou maior produção de petróleo, com média de 256,2 mil barris por dia. O maior produtor de gás natural foi o Campo de Mexilhão, na Bacia de Santos, com média diária de 6,6 milhões de metros cúbicos.
A ANP informou também que, em junho, 303 concessões, operadas por 24 empresas, foram responsáveis pela produção nacional. Dessas, 82 são concessões marítimas e 221, terrestres.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-08/anp-producao-de-petroleo-bate-recorde-em-junho

sábado, 9 de agosto de 2014

Anatel quer leilão de 4G o mais rápido possível, diz João Rezende

Imagem: www.av5.com.br
 
O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, disse hoje (7) que o leilão da faixa de frequência de 700 mega-hertz (MHz), que será usada para ampliar a tecnologia 4G no país, deve acontecer “o mais rápido possível”.
Segundo ele, a agência irá trabalhar para que a licitação seja feita ainda em setembro. O edital do leilão só poderá ser publicado no Diário Oficial da União depois da aprovação pelo Tribunal de Contas da União (TCU), e a licitação deve acontecer 30 dias depois da publicação.
Rezende disse que a Anatel deve responder até a próxima quarta-feira (12) aos questionamentos feitos pelo TCU sobre o edital. Na semana passada, uma medida cautelar suspendeu a publicação do edital até que a questão seja julgada pelo plenário do tribunal.
Entre as questões levantadas pelo TCU que serão respondidas pela agência está a isonomia entre as empresas que entrarem para operar na faixa de 700 MHz e as que já oferecem o 4G por meio da faixa de 2,5 giga-hertz (GHz), licitada em 2012. Ontem (6), o ministro relator da matéria no TCU, Benjamin Zymler, disse que os estudos apresentados pela Anatel não o convenceram de que há equilíbrio na disputa entre as empresas que já têm autorização para operar o 4G e os novos pretendentes. O TCU pediu à Anatel um plano de negócios que mostre isonomia no setor.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2014-08/anatel-quer-leilao-de-4g-o-mais-rapido-possivel-diz-joao-rezende

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

A reforma agrária aconteceu?

Plantador Ainda que as redistribuições não tenham ocorrido como propostas por lideranças da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las
 
Flickr/Alexandre Kuma
 
Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Na coluna da semana passada fiz referência ao livro “A Crise Agrária”, de Alberto Passos Guimarães, escrito no final da década de 1970. Através de conjunturas e estatísticas históricas e da época, o autor projetava um futuro auspicioso para a agricultura no Brasil.
A vitória, no entanto, só viria se as forças do campo promovessem uma reforma agrária profunda e em moldes distributivos. Dicotomia polêmica e frequente que dura até hoje.
Vista assim do alto, poderá parecer que apenas parte da profecia se realizou. Escorados na ampliação da fronteira agrícola para os cerrados de terras baratas, com tecnologias modernas aqui desenvolvidas ou vindas de fabricantes multinacionais, concentrou-se a produção em culturas de exportação e nos transformamos numa potência agrícola.
Muitas decorrências negativas? Sem dúvida. Algo natural em processos amplos e agudos, ainda mais numa Federação de Corporações regida por interesses pouco gerais.
Se vamos à lupa, percebemos que as “forças do campo”, como entendidas pelo autor, parecem não terem sido suficientes para promover uma reforma agrária de resultados produtivos e sociais efetivos.
Será?
A considerar como modelo de reforma agrária assentamentos desassistidos, estigmatizados acampamentos de sem-terra, projetos inacabados do governo e a imensa massa rural que nas últimas décadas se deslocou para os centros urbanos, certamente não.
Arriscando-me a um muro poucas vezes frequentado, penso que não foi bem assim.
Ainda que as formas redistributivas no campo não tenham ocorrido nas bases estudadas pelo autor e propostas por lideranças políticas e eclesiásticas da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las. Vou mais longe: com resultados melhores do que se conduzidas na forma de coletivos agrários.
Com exceção do excelente Globo Rural (TV e revista), o destaque nas folhas e telas cotidianas acaba sempre reservado aos grandalhões do agronegócio.
Grande equívoco. Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Sim, enfrentam vários entraves. Situações climáticas adversas sem garantia de seguro rural, burocracia nos financiamentos, insumos e processamentos precificados em condições oligopolistas, armazenagem insuficiente, comercialização concentrada em poucos receptores.
Suas dificuldades são maiores do que as dos beneficiários da escala em áreas mais extensas, níveis de mecanização, acesso a formas diferenciadas de financiamento, apropriação precoce das inovações tecnológicas, poder de barganha na venda da colheita.
Mas, depois das transformações na economia do planeta, a partir da década de 1980, seria possível impedir a concentração que ocorreu em praticamente todos os setores?
O Censo Agropecuário do IBGE, com dados de 2006, revelou existirem 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários, com área média de 68 hectares. Em 1970, a média era de 60 hectares. Assim, se houve um processo de concentração fundiária ele não é recente, fato reconhecido no próprio livro de Alberto Guimarães.
Os agricultores brasileiros pequenos e médios superaram suas dificuldades, evoluíram comprando ou arrendando áreas para plantio, e permitiram a interiorização do desenvolvimento, fazendo surgirem municípios prósperos com repercussões positivas nos demais setores da economia.
No Brasil, são cultivados mais de 100 “produtos da terra”, importantes por seus valores de produção e comercialização. Uns pelos volumes que representam, outros pela agregação de valor que trazem.
Uma diversificação fantástica que relativiza o protagonismo que se dá às grandes extensões de terras ou, como trata o livro “A Crise Agrária”, latifúndios improdutivos ou capitalistas.
O levantamento Produção Agrícola Municipal, do IBGE, entre culturas temporárias e permanentes, informa área plantada e colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção para as 64 culturas mais importantes, em cada município brasileiro. Uma pesquisa que encanta e surpreende.
Meu ponto: nada disso aconteceria sem que tivesse autogestado algum tipo de reforma agrária.
Até chegar aí foi doloroso o processo? Sim. Poderia ter sido melhor como pensada pela esquerda, na década de 1970? Não sei. Muitos campesinos ficaram fora do processo e hoje ralam sem terras e apoio? Com certeza.
Mas que o panorama atual é completamente diferente do preconizado quando se iniciou o arranque agrícola, isto é. Para arredondar o processo, agora, bastam dar importância e aumentar os recursos financeiros, técnicos e educacionais para os programas de agricultura familiar.
Na próxima coluna, a corrida dos candidatos aos corredores do agronegócio. Se eu não mudar de ideia, é claro.

Fonte:  http://www.cartacapital.com.br/economia/a-reforma-agraria-aconteceu-1473.html

A reforma agrária aconteceu?

Plantador Ainda que as redistribuições não tenham ocorrido como propostas por lideranças da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las
 
Flickr/Alexandre Kuma
 
Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Na coluna da semana passada fiz referência ao livro “A Crise Agrária”, de Alberto Passos Guimarães, escrito no final da década de 1970. Através de conjunturas e estatísticas históricas e da época, o autor projetava um futuro auspicioso para a agricultura no Brasil.
A vitória, no entanto, só viria se as forças do campo promovessem uma reforma agrária profunda e em moldes distributivos. Dicotomia polêmica e frequente que dura até hoje.
Vista assim do alto, poderá parecer que apenas parte da profecia se realizou. Escorados na ampliação da fronteira agrícola para os cerrados de terras baratas, com tecnologias modernas aqui desenvolvidas ou vindas de fabricantes multinacionais, concentrou-se a produção em culturas de exportação e nos transformamos numa potência agrícola.
Muitas decorrências negativas? Sem dúvida. Algo natural em processos amplos e agudos, ainda mais numa Federação de Corporações regida por interesses pouco gerais.
Se vamos à lupa, percebemos que as “forças do campo”, como entendidas pelo autor, parecem não terem sido suficientes para promover uma reforma agrária de resultados produtivos e sociais efetivos.
Será?
A considerar como modelo de reforma agrária assentamentos desassistidos, estigmatizados acampamentos de sem-terra, projetos inacabados do governo e a imensa massa rural que nas últimas décadas se deslocou para os centros urbanos, certamente não.
Arriscando-me a um muro poucas vezes frequentado, penso que não foi bem assim.
Ainda que as formas redistributivas no campo não tenham ocorrido nas bases estudadas pelo autor e propostas por lideranças políticas e eclesiásticas da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las. Vou mais longe: com resultados melhores do que se conduzidas na forma de coletivos agrários.
Com exceção do excelente Globo Rural (TV e revista), o destaque nas folhas e telas cotidianas acaba sempre reservado aos grandalhões do agronegócio.
Grande equívoco. Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Sim, enfrentam vários entraves. Situações climáticas adversas sem garantia de seguro rural, burocracia nos financiamentos, insumos e processamentos precificados em condições oligopolistas, armazenagem insuficiente, comercialização concentrada em poucos receptores.
Suas dificuldades são maiores do que as dos beneficiários da escala em áreas mais extensas, níveis de mecanização, acesso a formas diferenciadas de financiamento, apropriação precoce das inovações tecnológicas, poder de barganha na venda da colheita.
Mas, depois das transformações na economia do planeta, a partir da década de 1980, seria possível impedir a concentração que ocorreu em praticamente todos os setores?
O Censo Agropecuário do IBGE, com dados de 2006, revelou existirem 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários, com área média de 68 hectares. Em 1970, a média era de 60 hectares. Assim, se houve um processo de concentração fundiária ele não é recente, fato reconhecido no próprio livro de Alberto Guimarães.
Os agricultores brasileiros pequenos e médios superaram suas dificuldades, evoluíram comprando ou arrendando áreas para plantio, e permitiram a interiorização do desenvolvimento, fazendo surgirem municípios prósperos com repercussões positivas nos demais setores da economia.
No Brasil, são cultivados mais de 100 “produtos da terra”, importantes por seus valores de produção e comercialização. Uns pelos volumes que representam, outros pela agregação de valor que trazem.
Uma diversificação fantástica que relativiza o protagonismo que se dá às grandes extensões de terras ou, como trata o livro “A Crise Agrária”, latifúndios improdutivos ou capitalistas.
O levantamento Produção Agrícola Municipal, do IBGE, entre culturas temporárias e permanentes, informa área plantada e colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção para as 64 culturas mais importantes, em cada município brasileiro. Uma pesquisa que encanta e surpreende.
Meu ponto: nada disso aconteceria sem que tivesse autogestado algum tipo de reforma agrária.
Até chegar aí foi doloroso o processo? Sim. Poderia ter sido melhor como pensada pela esquerda, na década de 1970? Não sei. Muitos campesinos ficaram fora do processo e hoje ralam sem terras e apoio? Com certeza.
Mas que o panorama atual é completamente diferente do preconizado quando se iniciou o arranque agrícola, isto é. Para arredondar o processo, agora, bastam dar importância e aumentar os recursos financeiros, técnicos e educacionais para os programas de agricultura familiar.
Na próxima coluna, a corrida dos candidatos aos corredores do agronegócio. Se eu não mudar de ideia, é claro.

Fonte:  http://www.cartacapital.com.br/economia/a-reforma-agraria-aconteceu-1473.html

A reforma agrária aconteceu?

Plantador Ainda que as redistribuições não tenham ocorrido como propostas por lideranças da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las
 
Flickr/Alexandre Kuma
 
Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Na coluna da semana passada fiz referência ao livro “A Crise Agrária”, de Alberto Passos Guimarães, escrito no final da década de 1970. Através de conjunturas e estatísticas históricas e da época, o autor projetava um futuro auspicioso para a agricultura no Brasil.
A vitória, no entanto, só viria se as forças do campo promovessem uma reforma agrária profunda e em moldes distributivos. Dicotomia polêmica e frequente que dura até hoje.
Vista assim do alto, poderá parecer que apenas parte da profecia se realizou. Escorados na ampliação da fronteira agrícola para os cerrados de terras baratas, com tecnologias modernas aqui desenvolvidas ou vindas de fabricantes multinacionais, concentrou-se a produção em culturas de exportação e nos transformamos numa potência agrícola.
Muitas decorrências negativas? Sem dúvida. Algo natural em processos amplos e agudos, ainda mais numa Federação de Corporações regida por interesses pouco gerais.
Se vamos à lupa, percebemos que as “forças do campo”, como entendidas pelo autor, parecem não terem sido suficientes para promover uma reforma agrária de resultados produtivos e sociais efetivos.
Será?
A considerar como modelo de reforma agrária assentamentos desassistidos, estigmatizados acampamentos de sem-terra, projetos inacabados do governo e a imensa massa rural que nas últimas décadas se deslocou para os centros urbanos, certamente não.
Arriscando-me a um muro poucas vezes frequentado, penso que não foi bem assim.
Ainda que as formas redistributivas no campo não tenham ocorrido nas bases estudadas pelo autor e propostas por lideranças políticas e eclesiásticas da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las. Vou mais longe: com resultados melhores do que se conduzidas na forma de coletivos agrários.
Com exceção do excelente Globo Rural (TV e revista), o destaque nas folhas e telas cotidianas acaba sempre reservado aos grandalhões do agronegócio.
Grande equívoco. Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Sim, enfrentam vários entraves. Situações climáticas adversas sem garantia de seguro rural, burocracia nos financiamentos, insumos e processamentos precificados em condições oligopolistas, armazenagem insuficiente, comercialização concentrada em poucos receptores.
Suas dificuldades são maiores do que as dos beneficiários da escala em áreas mais extensas, níveis de mecanização, acesso a formas diferenciadas de financiamento, apropriação precoce das inovações tecnológicas, poder de barganha na venda da colheita.
Mas, depois das transformações na economia do planeta, a partir da década de 1980, seria possível impedir a concentração que ocorreu em praticamente todos os setores?
O Censo Agropecuário do IBGE, com dados de 2006, revelou existirem 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários, com área média de 68 hectares. Em 1970, a média era de 60 hectares. Assim, se houve um processo de concentração fundiária ele não é recente, fato reconhecido no próprio livro de Alberto Guimarães.
Os agricultores brasileiros pequenos e médios superaram suas dificuldades, evoluíram comprando ou arrendando áreas para plantio, e permitiram a interiorização do desenvolvimento, fazendo surgirem municípios prósperos com repercussões positivas nos demais setores da economia.
No Brasil, são cultivados mais de 100 “produtos da terra”, importantes por seus valores de produção e comercialização. Uns pelos volumes que representam, outros pela agregação de valor que trazem.
Uma diversificação fantástica que relativiza o protagonismo que se dá às grandes extensões de terras ou, como trata o livro “A Crise Agrária”, latifúndios improdutivos ou capitalistas.
O levantamento Produção Agrícola Municipal, do IBGE, entre culturas temporárias e permanentes, informa área plantada e colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção para as 64 culturas mais importantes, em cada município brasileiro. Uma pesquisa que encanta e surpreende.
Meu ponto: nada disso aconteceria sem que tivesse autogestado algum tipo de reforma agrária.
Até chegar aí foi doloroso o processo? Sim. Poderia ter sido melhor como pensada pela esquerda, na década de 1970? Não sei. Muitos campesinos ficaram fora do processo e hoje ralam sem terras e apoio? Com certeza.
Mas que o panorama atual é completamente diferente do preconizado quando se iniciou o arranque agrícola, isto é. Para arredondar o processo, agora, bastam dar importância e aumentar os recursos financeiros, técnicos e educacionais para os programas de agricultura familiar.
Na próxima coluna, a corrida dos candidatos aos corredores do agronegócio. Se eu não mudar de ideia, é claro.

Fonte:  http://www.cartacapital.com.br/economia/a-reforma-agraria-aconteceu-1473.html

A reforma agrária aconteceu?

Plantador Ainda que as redistribuições não tenham ocorrido como propostas por lideranças da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las
 
Flickr/Alexandre Kuma
 
Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Na coluna da semana passada fiz referência ao livro “A Crise Agrária”, de Alberto Passos Guimarães, escrito no final da década de 1970. Através de conjunturas e estatísticas históricas e da época, o autor projetava um futuro auspicioso para a agricultura no Brasil.
A vitória, no entanto, só viria se as forças do campo promovessem uma reforma agrária profunda e em moldes distributivos. Dicotomia polêmica e frequente que dura até hoje.
Vista assim do alto, poderá parecer que apenas parte da profecia se realizou. Escorados na ampliação da fronteira agrícola para os cerrados de terras baratas, com tecnologias modernas aqui desenvolvidas ou vindas de fabricantes multinacionais, concentrou-se a produção em culturas de exportação e nos transformamos numa potência agrícola.
Muitas decorrências negativas? Sem dúvida. Algo natural em processos amplos e agudos, ainda mais numa Federação de Corporações regida por interesses pouco gerais.
Se vamos à lupa, percebemos que as “forças do campo”, como entendidas pelo autor, parecem não terem sido suficientes para promover uma reforma agrária de resultados produtivos e sociais efetivos.
Será?
A considerar como modelo de reforma agrária assentamentos desassistidos, estigmatizados acampamentos de sem-terra, projetos inacabados do governo e a imensa massa rural que nas últimas décadas se deslocou para os centros urbanos, certamente não.
Arriscando-me a um muro poucas vezes frequentado, penso que não foi bem assim.
Ainda que as formas redistributivas no campo não tenham ocorrido nas bases estudadas pelo autor e propostas por lideranças políticas e eclesiásticas da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las. Vou mais longe: com resultados melhores do que se conduzidas na forma de coletivos agrários.
Com exceção do excelente Globo Rural (TV e revista), o destaque nas folhas e telas cotidianas acaba sempre reservado aos grandalhões do agronegócio.
Grande equívoco. Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Sim, enfrentam vários entraves. Situações climáticas adversas sem garantia de seguro rural, burocracia nos financiamentos, insumos e processamentos precificados em condições oligopolistas, armazenagem insuficiente, comercialização concentrada em poucos receptores.
Suas dificuldades são maiores do que as dos beneficiários da escala em áreas mais extensas, níveis de mecanização, acesso a formas diferenciadas de financiamento, apropriação precoce das inovações tecnológicas, poder de barganha na venda da colheita.
Mas, depois das transformações na economia do planeta, a partir da década de 1980, seria possível impedir a concentração que ocorreu em praticamente todos os setores?
O Censo Agropecuário do IBGE, com dados de 2006, revelou existirem 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários, com área média de 68 hectares. Em 1970, a média era de 60 hectares. Assim, se houve um processo de concentração fundiária ele não é recente, fato reconhecido no próprio livro de Alberto Guimarães.
Os agricultores brasileiros pequenos e médios superaram suas dificuldades, evoluíram comprando ou arrendando áreas para plantio, e permitiram a interiorização do desenvolvimento, fazendo surgirem municípios prósperos com repercussões positivas nos demais setores da economia.
No Brasil, são cultivados mais de 100 “produtos da terra”, importantes por seus valores de produção e comercialização. Uns pelos volumes que representam, outros pela agregação de valor que trazem.
Uma diversificação fantástica que relativiza o protagonismo que se dá às grandes extensões de terras ou, como trata o livro “A Crise Agrária”, latifúndios improdutivos ou capitalistas.
O levantamento Produção Agrícola Municipal, do IBGE, entre culturas temporárias e permanentes, informa área plantada e colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção para as 64 culturas mais importantes, em cada município brasileiro. Uma pesquisa que encanta e surpreende.
Meu ponto: nada disso aconteceria sem que tivesse autogestado algum tipo de reforma agrária.
Até chegar aí foi doloroso o processo? Sim. Poderia ter sido melhor como pensada pela esquerda, na década de 1970? Não sei. Muitos campesinos ficaram fora do processo e hoje ralam sem terras e apoio? Com certeza.
Mas que o panorama atual é completamente diferente do preconizado quando se iniciou o arranque agrícola, isto é. Para arredondar o processo, agora, bastam dar importância e aumentar os recursos financeiros, técnicos e educacionais para os programas de agricultura familiar.
Na próxima coluna, a corrida dos candidatos aos corredores do agronegócio. Se eu não mudar de ideia, é claro.

Fonte:  http://www.cartacapital.com.br/economia/a-reforma-agraria-aconteceu-1473.html

A reforma agrária aconteceu?

Plantador Ainda que as redistribuições não tenham ocorrido como propostas por lideranças da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las
 
Flickr/Alexandre Kuma
 
Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Na coluna da semana passada fiz referência ao livro “A Crise Agrária”, de Alberto Passos Guimarães, escrito no final da década de 1970. Através de conjunturas e estatísticas históricas e da época, o autor projetava um futuro auspicioso para a agricultura no Brasil.
A vitória, no entanto, só viria se as forças do campo promovessem uma reforma agrária profunda e em moldes distributivos. Dicotomia polêmica e frequente que dura até hoje.
Vista assim do alto, poderá parecer que apenas parte da profecia se realizou. Escorados na ampliação da fronteira agrícola para os cerrados de terras baratas, com tecnologias modernas aqui desenvolvidas ou vindas de fabricantes multinacionais, concentrou-se a produção em culturas de exportação e nos transformamos numa potência agrícola.
Muitas decorrências negativas? Sem dúvida. Algo natural em processos amplos e agudos, ainda mais numa Federação de Corporações regida por interesses pouco gerais.
Se vamos à lupa, percebemos que as “forças do campo”, como entendidas pelo autor, parecem não terem sido suficientes para promover uma reforma agrária de resultados produtivos e sociais efetivos.
Será?
A considerar como modelo de reforma agrária assentamentos desassistidos, estigmatizados acampamentos de sem-terra, projetos inacabados do governo e a imensa massa rural que nas últimas décadas se deslocou para os centros urbanos, certamente não.
Arriscando-me a um muro poucas vezes frequentado, penso que não foi bem assim.
Ainda que as formas redistributivas no campo não tenham ocorrido nas bases estudadas pelo autor e propostas por lideranças políticas e eclesiásticas da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las. Vou mais longe: com resultados melhores do que se conduzidas na forma de coletivos agrários.
Com exceção do excelente Globo Rural (TV e revista), o destaque nas folhas e telas cotidianas acaba sempre reservado aos grandalhões do agronegócio.
Grande equívoco. Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Sim, enfrentam vários entraves. Situações climáticas adversas sem garantia de seguro rural, burocracia nos financiamentos, insumos e processamentos precificados em condições oligopolistas, armazenagem insuficiente, comercialização concentrada em poucos receptores.
Suas dificuldades são maiores do que as dos beneficiários da escala em áreas mais extensas, níveis de mecanização, acesso a formas diferenciadas de financiamento, apropriação precoce das inovações tecnológicas, poder de barganha na venda da colheita.
Mas, depois das transformações na economia do planeta, a partir da década de 1980, seria possível impedir a concentração que ocorreu em praticamente todos os setores?
O Censo Agropecuário do IBGE, com dados de 2006, revelou existirem 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários, com área média de 68 hectares. Em 1970, a média era de 60 hectares. Assim, se houve um processo de concentração fundiária ele não é recente, fato reconhecido no próprio livro de Alberto Guimarães.
Os agricultores brasileiros pequenos e médios superaram suas dificuldades, evoluíram comprando ou arrendando áreas para plantio, e permitiram a interiorização do desenvolvimento, fazendo surgirem municípios prósperos com repercussões positivas nos demais setores da economia.
No Brasil, são cultivados mais de 100 “produtos da terra”, importantes por seus valores de produção e comercialização. Uns pelos volumes que representam, outros pela agregação de valor que trazem.
Uma diversificação fantástica que relativiza o protagonismo que se dá às grandes extensões de terras ou, como trata o livro “A Crise Agrária”, latifúndios improdutivos ou capitalistas.
O levantamento Produção Agrícola Municipal, do IBGE, entre culturas temporárias e permanentes, informa área plantada e colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção para as 64 culturas mais importantes, em cada município brasileiro. Uma pesquisa que encanta e surpreende.
Meu ponto: nada disso aconteceria sem que tivesse autogestado algum tipo de reforma agrária.
Até chegar aí foi doloroso o processo? Sim. Poderia ter sido melhor como pensada pela esquerda, na década de 1970? Não sei. Muitos campesinos ficaram fora do processo e hoje ralam sem terras e apoio? Com certeza.
Mas que o panorama atual é completamente diferente do preconizado quando se iniciou o arranque agrícola, isto é. Para arredondar o processo, agora, bastam dar importância e aumentar os recursos financeiros, técnicos e educacionais para os programas de agricultura familiar.
Na próxima coluna, a corrida dos candidatos aos corredores do agronegócio. Se eu não mudar de ideia, é claro.

Fonte:  http://www.cartacapital.com.br/economia/a-reforma-agraria-aconteceu-1473.html

A reforma agrária aconteceu?

Plantador Ainda que as redistribuições não tenham ocorrido como propostas por lideranças da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las
 
Flickr/Alexandre Kuma
 
Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Na coluna da semana passada fiz referência ao livro “A Crise Agrária”, de Alberto Passos Guimarães, escrito no final da década de 1970. Através de conjunturas e estatísticas históricas e da época, o autor projetava um futuro auspicioso para a agricultura no Brasil.
A vitória, no entanto, só viria se as forças do campo promovessem uma reforma agrária profunda e em moldes distributivos. Dicotomia polêmica e frequente que dura até hoje.
Vista assim do alto, poderá parecer que apenas parte da profecia se realizou. Escorados na ampliação da fronteira agrícola para os cerrados de terras baratas, com tecnologias modernas aqui desenvolvidas ou vindas de fabricantes multinacionais, concentrou-se a produção em culturas de exportação e nos transformamos numa potência agrícola.
Muitas decorrências negativas? Sem dúvida. Algo natural em processos amplos e agudos, ainda mais numa Federação de Corporações regida por interesses pouco gerais.
Se vamos à lupa, percebemos que as “forças do campo”, como entendidas pelo autor, parecem não terem sido suficientes para promover uma reforma agrária de resultados produtivos e sociais efetivos.
Será?
A considerar como modelo de reforma agrária assentamentos desassistidos, estigmatizados acampamentos de sem-terra, projetos inacabados do governo e a imensa massa rural que nas últimas décadas se deslocou para os centros urbanos, certamente não.
Arriscando-me a um muro poucas vezes frequentado, penso que não foi bem assim.
Ainda que as formas redistributivas no campo não tenham ocorrido nas bases estudadas pelo autor e propostas por lideranças políticas e eclesiásticas da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las. Vou mais longe: com resultados melhores do que se conduzidas na forma de coletivos agrários.
Com exceção do excelente Globo Rural (TV e revista), o destaque nas folhas e telas cotidianas acaba sempre reservado aos grandalhões do agronegócio.
Grande equívoco. Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Sim, enfrentam vários entraves. Situações climáticas adversas sem garantia de seguro rural, burocracia nos financiamentos, insumos e processamentos precificados em condições oligopolistas, armazenagem insuficiente, comercialização concentrada em poucos receptores.
Suas dificuldades são maiores do que as dos beneficiários da escala em áreas mais extensas, níveis de mecanização, acesso a formas diferenciadas de financiamento, apropriação precoce das inovações tecnológicas, poder de barganha na venda da colheita.
Mas, depois das transformações na economia do planeta, a partir da década de 1980, seria possível impedir a concentração que ocorreu em praticamente todos os setores?
O Censo Agropecuário do IBGE, com dados de 2006, revelou existirem 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários, com área média de 68 hectares. Em 1970, a média era de 60 hectares. Assim, se houve um processo de concentração fundiária ele não é recente, fato reconhecido no próprio livro de Alberto Guimarães.
Os agricultores brasileiros pequenos e médios superaram suas dificuldades, evoluíram comprando ou arrendando áreas para plantio, e permitiram a interiorização do desenvolvimento, fazendo surgirem municípios prósperos com repercussões positivas nos demais setores da economia.
No Brasil, são cultivados mais de 100 “produtos da terra”, importantes por seus valores de produção e comercialização. Uns pelos volumes que representam, outros pela agregação de valor que trazem.
Uma diversificação fantástica que relativiza o protagonismo que se dá às grandes extensões de terras ou, como trata o livro “A Crise Agrária”, latifúndios improdutivos ou capitalistas.
O levantamento Produção Agrícola Municipal, do IBGE, entre culturas temporárias e permanentes, informa área plantada e colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção para as 64 culturas mais importantes, em cada município brasileiro. Uma pesquisa que encanta e surpreende.
Meu ponto: nada disso aconteceria sem que tivesse autogestado algum tipo de reforma agrária.
Até chegar aí foi doloroso o processo? Sim. Poderia ter sido melhor como pensada pela esquerda, na década de 1970? Não sei. Muitos campesinos ficaram fora do processo e hoje ralam sem terras e apoio? Com certeza.
Mas que o panorama atual é completamente diferente do preconizado quando se iniciou o arranque agrícola, isto é. Para arredondar o processo, agora, bastam dar importância e aumentar os recursos financeiros, técnicos e educacionais para os programas de agricultura familiar.
Na próxima coluna, a corrida dos candidatos aos corredores do agronegócio. Se eu não mudar de ideia, é claro.

Fonte:  http://www.cartacapital.com.br/economia/a-reforma-agraria-aconteceu-1473.html

A reforma agrária aconteceu?

Plantador Ainda que as redistribuições não tenham ocorrido como propostas por lideranças da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las
 
Flickr/Alexandre Kuma
 
Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Na coluna da semana passada fiz referência ao livro “A Crise Agrária”, de Alberto Passos Guimarães, escrito no final da década de 1970. Através de conjunturas e estatísticas históricas e da época, o autor projetava um futuro auspicioso para a agricultura no Brasil.
A vitória, no entanto, só viria se as forças do campo promovessem uma reforma agrária profunda e em moldes distributivos. Dicotomia polêmica e frequente que dura até hoje.
Vista assim do alto, poderá parecer que apenas parte da profecia se realizou. Escorados na ampliação da fronteira agrícola para os cerrados de terras baratas, com tecnologias modernas aqui desenvolvidas ou vindas de fabricantes multinacionais, concentrou-se a produção em culturas de exportação e nos transformamos numa potência agrícola.
Muitas decorrências negativas? Sem dúvida. Algo natural em processos amplos e agudos, ainda mais numa Federação de Corporações regida por interesses pouco gerais.
Se vamos à lupa, percebemos que as “forças do campo”, como entendidas pelo autor, parecem não terem sido suficientes para promover uma reforma agrária de resultados produtivos e sociais efetivos.
Será?
A considerar como modelo de reforma agrária assentamentos desassistidos, estigmatizados acampamentos de sem-terra, projetos inacabados do governo e a imensa massa rural que nas últimas décadas se deslocou para os centros urbanos, certamente não.
Arriscando-me a um muro poucas vezes frequentado, penso que não foi bem assim.
Ainda que as formas redistributivas no campo não tenham ocorrido nas bases estudadas pelo autor e propostas por lideranças políticas e eclesiásticas da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las. Vou mais longe: com resultados melhores do que se conduzidas na forma de coletivos agrários.
Com exceção do excelente Globo Rural (TV e revista), o destaque nas folhas e telas cotidianas acaba sempre reservado aos grandalhões do agronegócio.
Grande equívoco. Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Sim, enfrentam vários entraves. Situações climáticas adversas sem garantia de seguro rural, burocracia nos financiamentos, insumos e processamentos precificados em condições oligopolistas, armazenagem insuficiente, comercialização concentrada em poucos receptores.
Suas dificuldades são maiores do que as dos beneficiários da escala em áreas mais extensas, níveis de mecanização, acesso a formas diferenciadas de financiamento, apropriação precoce das inovações tecnológicas, poder de barganha na venda da colheita.
Mas, depois das transformações na economia do planeta, a partir da década de 1980, seria possível impedir a concentração que ocorreu em praticamente todos os setores?
O Censo Agropecuário do IBGE, com dados de 2006, revelou existirem 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários, com área média de 68 hectares. Em 1970, a média era de 60 hectares. Assim, se houve um processo de concentração fundiária ele não é recente, fato reconhecido no próprio livro de Alberto Guimarães.
Os agricultores brasileiros pequenos e médios superaram suas dificuldades, evoluíram comprando ou arrendando áreas para plantio, e permitiram a interiorização do desenvolvimento, fazendo surgirem municípios prósperos com repercussões positivas nos demais setores da economia.
No Brasil, são cultivados mais de 100 “produtos da terra”, importantes por seus valores de produção e comercialização. Uns pelos volumes que representam, outros pela agregação de valor que trazem.
Uma diversificação fantástica que relativiza o protagonismo que se dá às grandes extensões de terras ou, como trata o livro “A Crise Agrária”, latifúndios improdutivos ou capitalistas.
O levantamento Produção Agrícola Municipal, do IBGE, entre culturas temporárias e permanentes, informa área plantada e colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção para as 64 culturas mais importantes, em cada município brasileiro. Uma pesquisa que encanta e surpreende.
Meu ponto: nada disso aconteceria sem que tivesse autogestado algum tipo de reforma agrária.
Até chegar aí foi doloroso o processo? Sim. Poderia ter sido melhor como pensada pela esquerda, na década de 1970? Não sei. Muitos campesinos ficaram fora do processo e hoje ralam sem terras e apoio? Com certeza.
Mas que o panorama atual é completamente diferente do preconizado quando se iniciou o arranque agrícola, isto é. Para arredondar o processo, agora, bastam dar importância e aumentar os recursos financeiros, técnicos e educacionais para os programas de agricultura familiar.
Na próxima coluna, a corrida dos candidatos aos corredores do agronegócio. Se eu não mudar de ideia, é claro.

Fonte:  http://www.cartacapital.com.br/economia/a-reforma-agraria-aconteceu-1473.html

A reforma agrária aconteceu?

Plantador Ainda que as redistribuições não tenham ocorrido como propostas por lideranças da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las
 
Flickr/Alexandre Kuma
 
Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Na coluna da semana passada fiz referência ao livro “A Crise Agrária”, de Alberto Passos Guimarães, escrito no final da década de 1970. Através de conjunturas e estatísticas históricas e da época, o autor projetava um futuro auspicioso para a agricultura no Brasil.
A vitória, no entanto, só viria se as forças do campo promovessem uma reforma agrária profunda e em moldes distributivos. Dicotomia polêmica e frequente que dura até hoje.
Vista assim do alto, poderá parecer que apenas parte da profecia se realizou. Escorados na ampliação da fronteira agrícola para os cerrados de terras baratas, com tecnologias modernas aqui desenvolvidas ou vindas de fabricantes multinacionais, concentrou-se a produção em culturas de exportação e nos transformamos numa potência agrícola.
Muitas decorrências negativas? Sem dúvida. Algo natural em processos amplos e agudos, ainda mais numa Federação de Corporações regida por interesses pouco gerais.
Se vamos à lupa, percebemos que as “forças do campo”, como entendidas pelo autor, parecem não terem sido suficientes para promover uma reforma agrária de resultados produtivos e sociais efetivos.
Será?
A considerar como modelo de reforma agrária assentamentos desassistidos, estigmatizados acampamentos de sem-terra, projetos inacabados do governo e a imensa massa rural que nas últimas décadas se deslocou para os centros urbanos, certamente não.
Arriscando-me a um muro poucas vezes frequentado, penso que não foi bem assim.
Ainda que as formas redistributivas no campo não tenham ocorrido nas bases estudadas pelo autor e propostas por lideranças políticas e eclesiásticas da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las. Vou mais longe: com resultados melhores do que se conduzidas na forma de coletivos agrários.
Com exceção do excelente Globo Rural (TV e revista), o destaque nas folhas e telas cotidianas acaba sempre reservado aos grandalhões do agronegócio.
Grande equívoco. Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Sim, enfrentam vários entraves. Situações climáticas adversas sem garantia de seguro rural, burocracia nos financiamentos, insumos e processamentos precificados em condições oligopolistas, armazenagem insuficiente, comercialização concentrada em poucos receptores.
Suas dificuldades são maiores do que as dos beneficiários da escala em áreas mais extensas, níveis de mecanização, acesso a formas diferenciadas de financiamento, apropriação precoce das inovações tecnológicas, poder de barganha na venda da colheita.
Mas, depois das transformações na economia do planeta, a partir da década de 1980, seria possível impedir a concentração que ocorreu em praticamente todos os setores?
O Censo Agropecuário do IBGE, com dados de 2006, revelou existirem 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários, com área média de 68 hectares. Em 1970, a média era de 60 hectares. Assim, se houve um processo de concentração fundiária ele não é recente, fato reconhecido no próprio livro de Alberto Guimarães.
Os agricultores brasileiros pequenos e médios superaram suas dificuldades, evoluíram comprando ou arrendando áreas para plantio, e permitiram a interiorização do desenvolvimento, fazendo surgirem municípios prósperos com repercussões positivas nos demais setores da economia.
No Brasil, são cultivados mais de 100 “produtos da terra”, importantes por seus valores de produção e comercialização. Uns pelos volumes que representam, outros pela agregação de valor que trazem.
Uma diversificação fantástica que relativiza o protagonismo que se dá às grandes extensões de terras ou, como trata o livro “A Crise Agrária”, latifúndios improdutivos ou capitalistas.
O levantamento Produção Agrícola Municipal, do IBGE, entre culturas temporárias e permanentes, informa área plantada e colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção para as 64 culturas mais importantes, em cada município brasileiro. Uma pesquisa que encanta e surpreende.
Meu ponto: nada disso aconteceria sem que tivesse autogestado algum tipo de reforma agrária.
Até chegar aí foi doloroso o processo? Sim. Poderia ter sido melhor como pensada pela esquerda, na década de 1970? Não sei. Muitos campesinos ficaram fora do processo e hoje ralam sem terras e apoio? Com certeza.
Mas que o panorama atual é completamente diferente do preconizado quando se iniciou o arranque agrícola, isto é. Para arredondar o processo, agora, bastam dar importância e aumentar os recursos financeiros, técnicos e educacionais para os programas de agricultura familiar.
Na próxima coluna, a corrida dos candidatos aos corredores do agronegócio. Se eu não mudar de ideia, é claro.

Fonte:  http://www.cartacapital.com.br/economia/a-reforma-agraria-aconteceu-1473.html

A reforma agrária aconteceu?

Plantador Ainda que as redistribuições não tenham ocorrido como propostas por lideranças da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las
 
Flickr/Alexandre Kuma
 
Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Na coluna da semana passada fiz referência ao livro “A Crise Agrária”, de Alberto Passos Guimarães, escrito no final da década de 1970. Através de conjunturas e estatísticas históricas e da época, o autor projetava um futuro auspicioso para a agricultura no Brasil.
A vitória, no entanto, só viria se as forças do campo promovessem uma reforma agrária profunda e em moldes distributivos. Dicotomia polêmica e frequente que dura até hoje.
Vista assim do alto, poderá parecer que apenas parte da profecia se realizou. Escorados na ampliação da fronteira agrícola para os cerrados de terras baratas, com tecnologias modernas aqui desenvolvidas ou vindas de fabricantes multinacionais, concentrou-se a produção em culturas de exportação e nos transformamos numa potência agrícola.
Muitas decorrências negativas? Sem dúvida. Algo natural em processos amplos e agudos, ainda mais numa Federação de Corporações regida por interesses pouco gerais.
Se vamos à lupa, percebemos que as “forças do campo”, como entendidas pelo autor, parecem não terem sido suficientes para promover uma reforma agrária de resultados produtivos e sociais efetivos.
Será?
A considerar como modelo de reforma agrária assentamentos desassistidos, estigmatizados acampamentos de sem-terra, projetos inacabados do governo e a imensa massa rural que nas últimas décadas se deslocou para os centros urbanos, certamente não.
Arriscando-me a um muro poucas vezes frequentado, penso que não foi bem assim.
Ainda que as formas redistributivas no campo não tenham ocorrido nas bases estudadas pelo autor e propostas por lideranças políticas e eclesiásticas da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las. Vou mais longe: com resultados melhores do que se conduzidas na forma de coletivos agrários.
Com exceção do excelente Globo Rural (TV e revista), o destaque nas folhas e telas cotidianas acaba sempre reservado aos grandalhões do agronegócio.
Grande equívoco. Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Sim, enfrentam vários entraves. Situações climáticas adversas sem garantia de seguro rural, burocracia nos financiamentos, insumos e processamentos precificados em condições oligopolistas, armazenagem insuficiente, comercialização concentrada em poucos receptores.
Suas dificuldades são maiores do que as dos beneficiários da escala em áreas mais extensas, níveis de mecanização, acesso a formas diferenciadas de financiamento, apropriação precoce das inovações tecnológicas, poder de barganha na venda da colheita.
Mas, depois das transformações na economia do planeta, a partir da década de 1980, seria possível impedir a concentração que ocorreu em praticamente todos os setores?
O Censo Agropecuário do IBGE, com dados de 2006, revelou existirem 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários, com área média de 68 hectares. Em 1970, a média era de 60 hectares. Assim, se houve um processo de concentração fundiária ele não é recente, fato reconhecido no próprio livro de Alberto Guimarães.
Os agricultores brasileiros pequenos e médios superaram suas dificuldades, evoluíram comprando ou arrendando áreas para plantio, e permitiram a interiorização do desenvolvimento, fazendo surgirem municípios prósperos com repercussões positivas nos demais setores da economia.
No Brasil, são cultivados mais de 100 “produtos da terra”, importantes por seus valores de produção e comercialização. Uns pelos volumes que representam, outros pela agregação de valor que trazem.
Uma diversificação fantástica que relativiza o protagonismo que se dá às grandes extensões de terras ou, como trata o livro “A Crise Agrária”, latifúndios improdutivos ou capitalistas.
O levantamento Produção Agrícola Municipal, do IBGE, entre culturas temporárias e permanentes, informa área plantada e colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção para as 64 culturas mais importantes, em cada município brasileiro. Uma pesquisa que encanta e surpreende.
Meu ponto: nada disso aconteceria sem que tivesse autogestado algum tipo de reforma agrária.
Até chegar aí foi doloroso o processo? Sim. Poderia ter sido melhor como pensada pela esquerda, na década de 1970? Não sei. Muitos campesinos ficaram fora do processo e hoje ralam sem terras e apoio? Com certeza.
Mas que o panorama atual é completamente diferente do preconizado quando se iniciou o arranque agrícola, isto é. Para arredondar o processo, agora, bastam dar importância e aumentar os recursos financeiros, técnicos e educacionais para os programas de agricultura familiar.
Na próxima coluna, a corrida dos candidatos aos corredores do agronegócio. Se eu não mudar de ideia, é claro.

Fonte:  http://www.cartacapital.com.br/economia/a-reforma-agraria-aconteceu-1473.html

A reforma agrária aconteceu?

Plantador Ainda que as redistribuições não tenham ocorrido como propostas por lideranças da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las
 
Flickr/Alexandre Kuma
 
Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Na coluna da semana passada fiz referência ao livro “A Crise Agrária”, de Alberto Passos Guimarães, escrito no final da década de 1970. Através de conjunturas e estatísticas históricas e da época, o autor projetava um futuro auspicioso para a agricultura no Brasil.
A vitória, no entanto, só viria se as forças do campo promovessem uma reforma agrária profunda e em moldes distributivos. Dicotomia polêmica e frequente que dura até hoje.
Vista assim do alto, poderá parecer que apenas parte da profecia se realizou. Escorados na ampliação da fronteira agrícola para os cerrados de terras baratas, com tecnologias modernas aqui desenvolvidas ou vindas de fabricantes multinacionais, concentrou-se a produção em culturas de exportação e nos transformamos numa potência agrícola.
Muitas decorrências negativas? Sem dúvida. Algo natural em processos amplos e agudos, ainda mais numa Federação de Corporações regida por interesses pouco gerais.
Se vamos à lupa, percebemos que as “forças do campo”, como entendidas pelo autor, parecem não terem sido suficientes para promover uma reforma agrária de resultados produtivos e sociais efetivos.
Será?
A considerar como modelo de reforma agrária assentamentos desassistidos, estigmatizados acampamentos de sem-terra, projetos inacabados do governo e a imensa massa rural que nas últimas décadas se deslocou para os centros urbanos, certamente não.
Arriscando-me a um muro poucas vezes frequentado, penso que não foi bem assim.
Ainda que as formas redistributivas no campo não tenham ocorrido nas bases estudadas pelo autor e propostas por lideranças políticas e eclesiásticas da esquerda, rearranjos sociais autônomos acabaram por realizá-las. Vou mais longe: com resultados melhores do que se conduzidas na forma de coletivos agrários.
Com exceção do excelente Globo Rural (TV e revista), o destaque nas folhas e telas cotidianas acaba sempre reservado aos grandalhões do agronegócio.
Grande equívoco. Contamos com milhões de pequenas propriedades rurais bem sucedidas no País. Sabem disso os que vivem lá ou os que por ali passam de olhos e boa vontade abertos.
Sim, enfrentam vários entraves. Situações climáticas adversas sem garantia de seguro rural, burocracia nos financiamentos, insumos e processamentos precificados em condições oligopolistas, armazenagem insuficiente, comercialização concentrada em poucos receptores.
Suas dificuldades são maiores do que as dos beneficiários da escala em áreas mais extensas, níveis de mecanização, acesso a formas diferenciadas de financiamento, apropriação precoce das inovações tecnológicas, poder de barganha na venda da colheita.
Mas, depois das transformações na economia do planeta, a partir da década de 1980, seria possível impedir a concentração que ocorreu em praticamente todos os setores?
O Censo Agropecuário do IBGE, com dados de 2006, revelou existirem 5,2 milhões de estabelecimentos agropecuários, com área média de 68 hectares. Em 1970, a média era de 60 hectares. Assim, se houve um processo de concentração fundiária ele não é recente, fato reconhecido no próprio livro de Alberto Guimarães.
Os agricultores brasileiros pequenos e médios superaram suas dificuldades, evoluíram comprando ou arrendando áreas para plantio, e permitiram a interiorização do desenvolvimento, fazendo surgirem municípios prósperos com repercussões positivas nos demais setores da economia.
No Brasil, são cultivados mais de 100 “produtos da terra”, importantes por seus valores de produção e comercialização. Uns pelos volumes que representam, outros pela agregação de valor que trazem.
Uma diversificação fantástica que relativiza o protagonismo que se dá às grandes extensões de terras ou, como trata o livro “A Crise Agrária”, latifúndios improdutivos ou capitalistas.
O levantamento Produção Agrícola Municipal, do IBGE, entre culturas temporárias e permanentes, informa área plantada e colhida, quantidade produzida, rendimento médio e valor da produção para as 64 culturas mais importantes, em cada município brasileiro. Uma pesquisa que encanta e surpreende.
Meu ponto: nada disso aconteceria sem que tivesse autogestado algum tipo de reforma agrária.
Até chegar aí foi doloroso o processo? Sim. Poderia ter sido melhor como pensada pela esquerda, na década de 1970? Não sei. Muitos campesinos ficaram fora do processo e hoje ralam sem terras e apoio? Com certeza.
Mas que o panorama atual é completamente diferente do preconizado quando se iniciou o arranque agrícola, isto é. Para arredondar o processo, agora, bastam dar importância e aumentar os recursos financeiros, técnicos e educacionais para os programas de agricultura familiar.
Na próxima coluna, a corrida dos candidatos aos corredores do agronegócio. Se eu não mudar de ideia, é claro.

Fonte:  http://www.cartacapital.com.br/economia/a-reforma-agraria-aconteceu-1473.html