quinta-feira, 30 de outubro de 2014

25 de Maio Dia da África. História da Independência da África: a conferência de Berlim, o mapa da partilha e de Independência. Leopoldo II da Bélgica e o holocausto negro no Congo Belga. A descolonização e a União Africana

5 de Maio é o Dia da Áfricadata foi instituída pela “Organização da Unidade Africana” (OUA) em 1963, na cidade de Addis-Abeba, capital da Etiópia,  país situado a nordeste do continente. O objetivo é  comemorar  o Dia da  Libertação da África.  Naquele   25 de Maio, reuniram-se em Adddis-Abeba líderes de 32 países africanos, que assinaram a carta  que   declara a  Libertação  da África  contra a subordinação  imposta pelos europeus. A Partilha ou divisão da  África entre os europeus foi   definida pela Conferência de Berlim, entre 1884 e 1885, e  significou a apropriação pelos europeus  das  riquezas humanas e naturais do continente.
  

A Organização das Nações Unidas (ONU) vendo a importância daquele  encontro de 1963, instituiu em 1972  o 25 de Maio  Dia da Libertação da África.

O 25 de Maio  tem profundo significado na memória coletiva dos povos do continente africano, pois simboliza a luta  por sua  independência e emancipação política.   A criação do Dia da África configurou-se no maior compromisso político de seus líderes, para  acelerar o fim da colonização européia no  continente e do regime segregacionista do Apartheid, na República Sul Africana, país situado no extremo sul do continente. O Dia da África é a manifestação do desejo de aproximadamente 800 milhões de africanos de organizar uma África  com seus governos,  sonhos e desenvolvimento com democracia e progresso, mas   respeitando o meio ambiente. Os negros do Brasil e do mundo celebram a oportunidade de avaliar as dificuldades e  os progressos do continente berço da humanidade. Salve 25 de Maio ! Viva a Mãe África.
O que foi a Conferência de Berlim?

Foi uma reunião  política  que aconteceu entre entre  19 de Novembro de 1884 e 26 de fevereiro de 1885 (final do século XIX),  na cidade de Berlim, capital da Alemanha,   com a participação de 14  países, para  dividir o continente africano entre  eles.  Essa divisão recebeu o nome de Partilha da África. Os países que participaram dessa divisão  foram:   Portugal, Espanha, Inglaterra,  França, Holanda, Bélgica,  Alemanha, Itália,  Dinamarca,  Suécia,  Rússia, Império Otomano (atual Turquia),   Império Austro- Húngaro (atuais Áustria e Hungria) e até os Estados Unidos da América.  
O objetivo da Conferência foi  organizar  e definir as  regras de ocupação da África pelas potências coloniais europeias, ou seja,  quais territórios   caberiam a cada um desses países.   Os povos africanos não foram convidados  para a festa, claro, e esse novo  processo de exploração durou quase 100 anos.  
A Conferência de Berlim foi proposta por Portugal e organizada pelo Chanceler alemão Otto von Bismarck.  O Império Alemão não possuía colônias na África mas, tinha esse desejo. Passou então, a administrar o  "Sudoeste  Africano” (atual Namíbia) e o Tanganica. Os Estados Unidos possuíam uma colônia na África, a  Libéria, comandada por ex-escravos.  Os países europeus que não foram “contemplados” na divisão da África, se sentiram agraciados, pois  eram potências comerciais ou industriais, com interesses indiretos no continente.

A primeira invasão dos europeus à Africa, foi no século 15, com a chegada dos portugueses  aos arquipélagos de Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. Posteriormente, ocuparam  Angola e Moçambique, estabelecendo feitorias, portos e enclaves. Nessa primeira invasão, várias sociedades africanas foram dizimadas; pessoas foram mortas ou  escravizadas e milhões  foram enviadas  à força para as Américas, para trabalhar como escravos, inclusive no Brasil;  grande parte morreu durante as viagens transatlânticas.  A partir de meados do século XVI, os ingleses, os franceses e os holandeses expulsam os portugueses das melhores zonas costeiras para o comércio de escravos.

Na segunda metade do século XIX a história se repete e os europeus invadem  pela segunda  vez a África,  que passaria a atender aos interesses dos seus  países industrializados, que viam no continente africano a possibilidade de ampliar o capital financeiro, disputar mercado consumidor, matérias-primas e mão-de-obra barataAo fim  do século XVIII e meados do século XIX, os ingleses, com enorme poder naval e econômico, assumem a liderança da  colonização africana.  Os Holandeses se estabelecem na parte  litorânea da Cidade do Cabo, na África do Sul, a partir de 1652 (século XVII).  Durante a Conferência de Berlim, outros países da Europa se apoderam da África.Foto: menina da Libéria dançando  com seus trajes típicos. 

O Mapa da Partilha da África

Ao encerrar a Conferência de Berlim em 26 de fevereiro de 1885, o chanceler alemão Otto von Bismarck selou a partilha da África.  Menos de três décadas após esse  encontro, ingleses, franceses, alemães, belgas, italianos, espanhóis e portugueses já haviam conquistado e repartido entre eles  90% do território africano. Com  exceção da Etiópia e da Libéria, todo o continente ficou sob o domínio europeu. A Libéria formada por escravos libertos enviados de volta pelos Estados Unidos, havia se tornado independente em 1847. 
No início da Primeira  Guerra Mundial (1914-1918), 90% das terras da África  já estavam sob o domínio da Europa.  A  criação das  fronteiras entre os novos países foi feita de maneira arbitrária, não respeitando as características étnicas e culturais de cada povo, baseando-se  apenas  nos interesses dos europeus, contribuindo  para muitos dos conflitos atuais no continente.  Fronteiras ou limites são linhas que separam o território de cada país, como você pode observar no mapa. 
Para estabelecer essas fronteiras, os europeus recorriam a noções arbitrárias de latitude e longitude ou acidentes  geográficos (rios, lagos, montanhas...)  Essas fronteiras ainda sobrevivem até hoje. Cerca de 90% das atuais fronteiras na África foram herdadas desse período. Apenas 15% delas  respeitaram as questões étnicas.  O Saara Ocidental é o único caso de território africano que ainda não conseguiu a independência. Em 1975, depois de décadas explorando o fosfato da região, a Espanha o abandonou. No mesmo ano, o Marrocos o invadiu. Houve resistência, e  a guerra durou até 1991. Desde então, a Organização das Nações Unidas (ONU) tenta organizar um referendo para que a população decida se quer a independência ou a anexação pelo Marrocos. Por sua vez, os britânicos ocuparam partes da atual África do Sul, do Egito, do Sudão e da Somália no século 19. No mesmo período, os franceses se apoderaram de parte do Senegal e da Tunísia, enquanto os italianos marcavam presença na Eritreia desde 1870. Em 1902, França e Inglaterra já detinham mais da  metade do continente africano.

O  Rei Leopoldo II da Bélgica e o Holocausto Negro no Congo Belga 


As perversidades do colonialismo europeu na África podem ser traduzidas nas maldades do rei Leopoldo II da Bélgica, um pequeno país da Europa, vizinho à Holanda.  Ele nunca pisou os pés no continente, mas entre 1890 e 1910, matou milhares de congoleses. Suas  atrocidades estão relatadas em dois livros: 1) O Coração das Trevas, de Joseph Conrad 2)  O Fantasma do Rei Leopoldo. Uma história de voracidade, terror e heroísmo na África colonial, de Edmund Morel.  Os livros relatam o Holocausto Negro no Congo Belga, cujas  perversidades  fariam Hitler e Stálin parecerem dois anjinhos.  O antigo Congo Belga  foi uma das grandes fontes de riqueza para a minúscula Bélgica, que se enriqueceu com a venda de marfim extraído ao custo da morte de centenas de milhares de elefantes africanos, hoje ameaçados de extinção, e da  extração da borracha, que eliminou espécies de árvores nativas da região e milhares de seres humanos. No seu livro Coração das Trevas, o britânico de origem polonesa, joseph Conrad, relata o que presenciou na segunda metade do século XIX, no Congo. 

Localizado no centro-sul do continente, oficialmente apresentado ao mundo pelo perverso rei, como um Estado Livre que se beneficiaria com seu projeto "filantrópico-humanitário-científico-civilizatório", dizia ele.  Os relatos históricos mostram  seus métodos perversos executados por seus agentes contra a população local, que incluíam  corte das mãos, dedos, narizes e assassinatos sem motivos, pelo não cumprimento de cotas determinadas de extração de borracha e marfim.   O Congo Belga ficou independente em 1960 e adotou o nome de Zaire. Em 1997 passou a ser chamado de  República Democrática do Congo ou  RDC, RD Congo, Congo-Kinshasa, Congo-Quinxasa  ou Congo-Quinxassa para diferenciá-la do país vizinho chamado  Congo  ou  Congo-Brazzaville. Veja no mapa de Independência da África.

        A  Descolonização  e   Independência da  África 

A África  foi colônia de potências  da Europa  até a segunda metade do século XX. A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) contribuiu para dar início ao seu  processo de descolonização e  Independência, pois   envolveu  países europeus  que detinham territórios de exploração no continente africano.  Após o conflito, a Europa ficou bastante  empobrecida e politicamente fraca.  Movimentos de luta pela independência explodiram  em todas as colônias africanas. No decorrer da década de 1960, os protestos se multiplicaram e muitos países europeus concederam pacificamente independência às suas  colônias, que  se transformaram em países livres. Em  25 de Maio de 1963, reuniram-se em Adddis-Abeba,  líderes de 32 países africanos que assinaram a carta  que   declara  a  Libertação  da África. Hoje,  53 países livres formam a União Africana.

Mapa com as Datas de  Independência dos Países da África  - A União Africana (UA)  e Seus Objetivos


Naquela  reunião de 25 de Maio de 1963, em Addis-Abeba, os líderes africanos criaram a Organização  da Unidade Africana (OUA). O então Presidente da Líbia, país situado no Norte da África,  Mohamed Kadafi, liderou um movimento  que substituiu a  OUA pela União Africana (UA), em  09 de Julho de 2002. O objetivo de Kadafi era  a criação de um Governo da África, proposta  rejeitada pela maioria dos líderes africanos,  destacando-se  os Presidentes da África do Sul e  de Cabo Verde. 
                 
                              Países Membros da  União Africana


A África, ao contrário do que muitos pensam, não é um continente homogêneo nem muito menos exótico.  Ali,  podem ser identificadas  as diversidades geográfica, econômica e  étnico-cultural do continente, ou seja,  as  " Várias Áfricas", com o  norte muçulmano, a África subsahariana, o Sul da África e assim por diante. Veja os membros da UA e leia sobre eles para perceber essas diferenças.  Atualmente ,   53 países formam a União Africana,  cobrindo quase todo o continente.  São eles: 
África do Sul, Argélia,  Angola, Benim, Botswana, Burkina Faso,  Burundi, Cabo Verde,  Camarões, Chade,  Congo Brazaville, Costa do Marfim,  Djibouti, Egito,  Eritreia, Etiópia,  Gabão, Gâmbia,  Gana, Guiné, Guiné-Bissau,  Guiné Equatorial, Lesoto,  Libéria, Líbia, Malawi,  Mali, Maurícias, Mauritânia, Moçambique, Namíbia, Nigéria, Quênia, Rep. Centro-Africana, Rep. Dem. do Congo, Ruanda, Saara Ocidental, São Tomé e Príncipe, Senegal, Serra Leoa, Seychelles, Somália, Suazilândia,  Sudão, Tanzânia, Togo, Tunísia, Uganda, Zâmbia e Zimbabwe.
Acima, foto da sede da União Africana com vinte andares construída em Addis-Abeba, capital etíope. O edifício é considerado o mais alto da cidade e  ocupa uma área de mais de cem mil metros quadrados. Comporta um moderno centro de conferências com  capacidade para  duas mil pessoas.  A nova sede da União Africana  é uma oferta da República Popular da China, que desembolsou 200 milhões de dólares  na sua construção e equipamentos. Na foto mulhereas comemoram a Inauguração da sede da União Africana (UA), em Addis-Abeba, capital da  Etiópia.
Estamos no século XXI.  Agora são os chineses que estão chegando à África. Por que será ? Estamos de olho ! 

A Partilha da Ásia e da Oceania

O Imperialismo europeu do século XIX não se reduziu à  dominação da  África e América Latina,onde começaram a cegar no início do século XV. Dominaram também a  Ásia e Oceania,  onde a Inglaterra se destacou na formação de seu novo império colonial. Os ingleses dominaram a Índia, parte da China,  a Birmânia,  Ceilão, Tibete, Paquistão e o  Oriente Médio, estendendo-se até a  Oceania, nas atuais  Austrália e  Nova Zelândia, enquanto os franceses se apossaram do sudeste asiático. O comércio entre Ásia e Europa remonta ao império romano, quando os asiáticos  forneciam artigos de luxo para a Europa. Após a Revolução Industrial, essa relação se alterou. A Ásia passou de vendedora a compradora dos produtos europeus, especialmente da Inglaterra ,  primeiro passo para  a dominação europeia nessas áreas. Saiba mais e veja o mapa da Partilha da Ásia e da Oceania, ou seja como os europeus dividiram essas áreas entre eles. Clique no link :
http://www.coladaweb.com/historia/descolonizacao-da-asia-e-da-africa

Etiópia um dos países mais antigos do mundo -  Sede da União  Africana e da Comissão Econômica das Nações Unidas para a África

Foto:  o Rei Haile Selassie da Etiópia e o cantor jamaicano Bob Marley, adepto da religião Rastafári  que tem origem na Etiópia

Um dos países mais antigos do mundo e  a segunda nação mais populosa da África,  a Etiópia sempre existiu como  um país independente. Quando o continente africano foi dividido entre as potências europeias  durante a realização  da Conferência de Berlim, capital da Alemanha, a Etiópia  manteve sua independência. Em 1974 a dinastia liderada por  Haile Selassie foi deposta. Addis Abeba  hoje é  sede de várias organizações internacionais com objetivos voltados para as questões da África -  como  a  União Africana (UA) e a Comissão Econômica das Nações Unidas para a África. O A Etiópia é famosa por  suas igrejas talhadas em pedras e como  o lugar onde o grão de café teve  origem.  Divide com a África do Sul o posto de  detentora do maior número de  sítios históricos considerados Patrimônios Mundiais da UNESCO na África, num total de oito para cada país.  No período após  a queda  da monarquia, a Etiópia  se transformou  num dos países mais pobres do mundo. Sofreu uma série de períodos de fome na década de 1980, resultando em milhões de mortes, mas se reergueu,  e hoje sua economia  é uma das que mais cresce  na África. 
MAPA  POLÍTICO  DA  ÁFRICA  ATUAL  - Norte da África (de maioria muçulmana, na cor cinza)  e África Subsaariana (abaixo do deserto do Saara, na cor amarela)


Mpa-político da África atual 

Referências - Sites pesquisados em 10/05/2013

Conferência de Berlim:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Confer%C3%AAncia_de_Berlim
Joaquim Gomes. O Dia da África

A partilha da África

Africa Político:
Fundação Agostinho Neto
http://www.agostinhoneto.org/index.php?option=com_content&view=article&id=515:25-de-maio-dia-de-africa&catid=77:2010&Itemid=246
O Fantasma do Rei Leopoldo. Uma história de voracidade, terror e heroísmo na África colonial. Disponível em:
http://www.wook.pt/ficha/o-fantasma-do-rei-leopoldo-uma-historia-de-voracidade-terror-e-heroismo-na-africa-colonial/a/id/58223
Um pedaço de bolo no meio da África. Blog O Fascinante Universo da História. Disponível em:
http://civilizacoesafricanas.blogspot.com.br/2010/06/um-pedaco-de-bolo-no-meio-da-africa.html
'O rei Leopoldo II da Bélgica e o holocausto negro no Congo'
http://pcb.org.br/fdr/index.php?option=com_content&view=article&id=394:o-rei-leopoldo-ii-da-belgica-e-o-holocausto-negro-no-congo&catid=2:artigos
Todas as imagens são do Google. 
Fonte: http://serravallenaafricadosul.blogspot.com.br/2013/05/25-de-maio-dia-da-africa-um-pouco-da.html

Nenhum comentário: