terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Michele Bachelet vence é a nova presidente do Chile

Michelle Bachelet votando nas eleições deste domingo (AFP, Martin Bernetti)
 
A socialista Michelle Bachelet venceu as eleições presidenciais chilenas deste domingo, com 62,1% dos votos frente à candidata de direita Evelyn Matthei, que obteve 37,8%, com 99,85% das urnas apuradas, informou o Serviço Eleitoral do Chile.
 
 
Bachelet - uma pediatra de 62 anos-, garantiu seu retorno ao palácio presidencial de La Moneda depois de um primeiro governo, entre 2006 e 2010, quando se tornou a primeira mulher a ser presidente na história do país.
 
 
Depois de vencer no primeiro turno de 17 de novembro, com 46,6%, todos os prognósticos davam Bachelet como ampla vencedora. Evelyn Matthei, em segundo lugar, ficou com 25,1% dos votos no primeiro turno.
 
 
"Já está claro, ela ganhou. E a cumprimentaremos. Depois irei visitá-la, como corresponde, pessoalmente", disse Matthei a jornalistas na saída de sua casa, ao reconhecer sua derrota.
 
 
Em uma tradição republicana, o presidente Sebastián Piñera cumprimentou Bachelet por telefone, em um diálogo transmitido ao vivo pela televisão.
 
 
"Teve uma grande triunfo, queria lhe desejar o maior dos êxitos", disse Piñera a Bachelet, prometendo, além disso, uma atitude "patriótica e construtiva" na oposição.
 
 
"A partir do próximo ano vou ser a presidente de todos os chilenos e chilenas", respondeu a candidata vencedora, em suas primeiras declarações após a vitória.
 
 
O presidente do México, Enrique Peña Nieto, também parabenizou Bachelet por meio do twitter.
 
 
"Felicito Michelle Bachelet por sua vitória nas eleições presidenciais do país irmão, o Chile", escreveu.
 
 
Em seu primeiro discurso como futura presidente, Michelle Bachelet afirmou: "Chile, agora, por fim, é o momento de fazer as mudanças".
 
 
Ao lado de seus filhos e sua mãe, Angela Jeria, ela falou para milhares de simpatizantes em um cenário montado na avenida Alameda de Santiago.
 
 
Durante a campanha, Bachelet prometeu um ambicioso programa de reformas, com uma reforma tributária para arrecadar 3% do PIB, educação gratuita universitária e uma nova Constituição.
 
 
A nova presidente afirmou que se trata de um momento histórico para o país, que "decidiu que é o momento de fazer profundas transformações" como a educação universitária gratuita, a reforma tributária ou a nova Constituição que ela propõe.
 
 
Bachelet também mencionou os estudantes que, em 2011, realizaram os maiores protestos no Chile desde a retomada da democracia, exigindo educação pública gratuita e de qualidade.
 
 
"O lucro não pode ser o motor da educação, a educação não é uma mercadoria, os sonhos não são um bem de mercado, é um direito de todos", disse a socialista.
 
 
"Não vai ser fácil, mas, quando foi fácil mudar o mundo para melhor?", questionou Bachelet diante de seus seguidores.
 
 
A socialista lembrou todos aqueles que morreram na ditadura, e prestou uma homenagem especial a seu pai, que "não deixou de me acompanhar um só dia da minha vida", disse a presidente.
 
 
 
Uma disputa inédita
 
 
Além das propostas de Matthei e Bachelet, a disputa que protagonizaram foi inédita e dramática, pela história trágica que envolve suas famílias.
 
 
É a primeira vez que duas mulheres se enfrentaram nas urnas na América Latina. Além disso, elas compartilham um passado comum.
 
 
Bachelet e Matthei são filhas de generais da Força Aérea que foram muito amigos e, quando crianças, brincavam juntas, mas o golpe de Estado de Augusto Pinochet, em 1973, determinou a vida de ambas.
 
 
Enquanto o general Alberto Bachelet foi preso e torturado até a morte por se manter leal ao governo de Salvador Allende, Fernando Matthei formou a junta militar do regime.
 
 
O Chile que espera a nova presidente
 
 
Bachelet assumirá o cargo dia 11 de março de 2014 e governará até 2018. Receberá uma economia que desacelera, após um crescimento este ano de 4,2%.
 
 
Menores investimentos em mineração, devido a uma queda internacional no preço das matérias-primas, impactarão o principal produtor mundial de cobre.
 
 
No nível social, deverá enfrentar uma série de demandas sociais, lideradas pelos estudantes, que já anteciparam que farão mobilizações em 2014 por educação pública, gratuita e de qualidade.
 
 
 
A vitória de Bachelet, pediatra de 62 anos, marca o retorno da esquerda à presidência do Chile, após quatro anos de governo de centro-direita de Sebastián Piñera, aliado de Matthei. A líder socialista encontra um país diferente do que assumiu em 2006, à frente da Concertação, coalizão de esquerda que governou o Chile por duas décadas.
 
 
Nos últimos dois anos, o Chile se viu envolto em uma série de revoltas estudantis que evidenciaram o descontentamento da população chilena com parte das políticas econômicas e sociais do país.
 
 
As manifestações pela reforma do sistema educacional provocaram os maiores protestos no país desde o movimento pelo fim da ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990).
 
 
Bachelet fez da reforma da educação uma de suas principais bandeiras de campanha. Quatro líderes estudantis se lançaram como candidatos na coalizão de esquerda e foram eleitos, dando força às reformas prometidas por Bachelet, que defendeu a gratuidade da universidade pública, mas também representando um grande desafio para manter a coalizão unida.
 
 
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Editado do:
Estado de Minas, de AFP - Agence France-Presse e Notícias - R7 Internacional, de BBC Brasil -
URL:
http://noticias.r7.com/internacional/bachelet-vence-e-volta-a-presidencia-do-chile-15122013

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