
Mas quanto tempo dura o luto? Segundo
as teorias de Sigmund Freud, o pai da psicanálise, o processo dura cerca de um
ano, tempo em que a pessoa passa por cinco fases – choque, negação, raiva,
depressão e aceitação. Psicólogos mais recentes, no entanto, afirmam que esse
tempo é variável.
"Quando perdemos alguém, o mundo fica
vazio, se torna hostil e completamente triste", explica a psicóloga Maria Helena Ennes. "Mas há condições de
melhorar. Depois das dificuldades
iniciais, a pessoa elabora o luto e vive uma perda consciente: sabe que perdeu
alguém, mas que deve seguir em frente".
Segundo Gláucia Rezende Tavares,
psicóloga presidente da instituição mineira Apoio a Perdas Irreparáveis (API),
que orienta pais em luto, o primeiro ano é mais difícil porque tudo ainda é novidade.
"No início, todas as experiências são
inéditas: a perda, a missa do sétimo dia, a missa de um mês, de seis meses, o
feriado de Finados, o aniversário, o Natal, o Ano Novo", explica. "Mas passar
um ano não quer dizer que a dor fique esquecida e acabe. Na realidade, essas datas passam a ser
vividas com mais naturalidade".
Gláucia, que perdeu sua filha de 18
anos em um acidente de carro, acrescenta que é importante ver o luto como um convite
a novos valores. “Temos que buscar fazer emendas e avaliações na nossa vida, porque
ela mudou” afirma.
Valéria Tinoco, psicóloga do Centro de
Estudos do Luto 4 Estações, em São Paulo, diz que, no caso de mães que perderam
seus filhos, a dor é mais profunda. Para ela, mesmo que retomem a vida, isso não
significa que elas tenham superado a perda.
“O amor de mãe é eterno, então a
tristeza é eterna também” argumenta. “Elas se sentem acolhidas quando
compreendemos dessa maneira: ela perdeu o filho, mas continua sendo mãe”.
Para a professora Diana Linhares, “viver
é uma luta todos os dias”. Diana perdeu o filho em um acidente de carro em 1999
e conta que aprendeu a conviver com a tragédia.
“Uma hora temos que retomar a vida,
seguir em frente, mas sinto sempre a falta dele. O amor não acaba, então o luto
também não acaba, é eterno”, conclui.
E como se posicionar diante de alguém
querido que sofreu uma perda. É comum que muitos fiquem sem palavras no momento
dos pêsames. Para os psicólogos, um dos caminhos é não tratar a morte como um
tabu e dar apoio à pessoa, mas sem pressionar.
"É preciso
respeitar os próprios sentimentos, cada um sofre de um jeito",
acrescenta Valéria. "Temos que viver esse processo, falar dele e
conviver com ele".
Foi assim, com a ajuda de amigos e
família, que a aposentada Marilda Gonçalves, 82, conseguiu superar a perda do
marido, depois de mais de 50 anos de casamento.
"No início, eu pensava: por que ele
teve que ir antes de mim? Mas por outro lado, tenho meus filhos, minha família que
também sofreu com a dor", lembra. "Como eu ia deixar meus filhos, que também sofreram a perda do pai? Até hoje
converso com meu marido todos os dias, quando rezo antes de dormir, e sei que
ele está comigo, me ouvindo".
Fonte: http://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/noticias/2011/11/02/no-dia-de-finados-psicologos-explicam-como-convivemos-com-o-luto/
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