domingo, 2 de novembro de 2014

No Dia de Finados, psicólogos explicam como convivemos com o luto




O feriado deste dia 2 de novembro deixa marcas em pelo menos 1 milhão de cariocas. Este é o número de pessoas que devem visitar os cemitérios do Rio de Janeiro no Dia de Finados, segundo informações da Prefeitura. Em meio a uma data que pode despertar momentos de tristeza em muitos, psicólogos explicam que é possível superar o sofrimento de perder alguém amado.
 Mas quanto tempo dura o luto? Segundo as teorias de Sigmund Freud, o pai da psicanálise, o processo dura cerca de um ano, tempo em que a pessoa passa por cinco fases – choque, negação, raiva, depressão e aceitação. Psicólogos mais recentes, no entanto, afirmam que esse tempo é variável.
"Quando perdemos alguém, o mundo fica vazio, se torna hostil e completamente triste", explica a psicóloga  Maria Helena Ennes. "Mas há condições de melhorar.  Depois das dificuldades iniciais, a pessoa elabora o luto e vive uma perda consciente: sabe que perdeu alguém, mas que deve seguir em frente".


 Segundo Gláucia Rezende Tavares, psicóloga presidente da instituição mineira Apoio a Perdas Irreparáveis (API), que orienta pais em luto, o primeiro ano é mais difícil porque tudo ainda é novidade.
 "No início, todas as experiências são inéditas: a perda, a missa do sétimo dia, a missa de um mês, de seis meses, o feriado de Finados, o aniversário, o Natal, o Ano Novo", explica. "Mas passar um ano não quer dizer que a dor fique esquecida e acabe. Na realidade, essas datas passam a ser vividas com mais naturalidade".
 Gláucia, que perdeu sua filha de 18 anos em um acidente de carro, acrescenta que é importante ver o luto como um convite a novos valores. “Temos que buscar fazer emendas e avaliações na nossa vida, porque ela mudou” afirma.
 Valéria Tinoco, psicóloga do Centro de Estudos do Luto 4 Estações, em São Paulo, diz que, no caso de mães que perderam seus filhos, a dor é mais profunda. Para ela, mesmo que retomem a vida, isso não significa que elas tenham superado a perda.
 “O amor de mãe é eterno, então a tristeza é eterna também” argumenta. “Elas se sentem acolhidas quando compreendemos dessa maneira: ela perdeu o filho, mas continua sendo mãe”.
 Para a professora Diana Linhares, “viver é uma luta todos os dias”. Diana perdeu o filho em um acidente de carro em 1999 e conta que aprendeu a conviver com a tragédia.
“Uma hora temos que retomar a vida, seguir em frente, mas sinto sempre a falta dele. O amor não acaba, então o luto também não acaba, é eterno”, conclui.
 E como se posicionar diante de alguém querido que sofreu uma perda. É comum que muitos fiquem sem palavras no momento dos pêsames. Para os psicólogos, um dos caminhos é não tratar a morte como um tabu e dar apoio à pessoa, mas sem pressionar.
"É preciso respeitar os próprios sentimentos, cada um sofre de um jeito", acrescenta Valéria. "Temos que viver esse processo, falar dele e conviver com ele".
 Foi assim, com a ajuda de amigos e família, que a aposentada Marilda Gonçalves, 82, conseguiu superar a perda do marido, depois de mais de 50 anos de casamento.
"No início, eu pensava: por que ele teve que ir antes de mim? Mas por outro lado, tenho meus filhos, minha família que também sofreu com a dor", lembra. "Como eu ia deixar meus filhos, que também sofreram a perda do pai? Até hoje converso com meu marido todos os dias, quando rezo antes de dormir, e sei que ele está comigo, me ouvindo".

Fonte: http://www.jb.com.br/ciencia-e-tecnologia/noticias/2011/11/02/no-dia-de-finados-psicologos-explicam-como-convivemos-com-o-luto/

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